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No primeiro trimestre de 2023, cientistas destacaram os significativos impactos do El Niño na Amazônia. Em maio, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) indicou uma probabilidade de 70% de transição para El Niño entre junho e agosto, aumentando para 80% entre julho e setembro.

Um recente relatório da OMM, divulgado em 8 de novembro, revela que as consequências climáticas do El Niño podem persistir até abril de 2024, gerando preocupações no Amazonas. O estado enfrentou devastadoras queimadas, resultando em Manaus tendo a terceira pior qualidade do ar global e a maior estiagem registrada.

Esses impactos afetaram diretamente comunidades ribeirinhas, causando escassez de água potável, e a Zona Franca de Manaus enfrentou interrupções na produção devido à redução de cargas e temperaturas elevadas.

Em uma entrevista ao Portal Amazônia Press, o meteorologista Leonardo Vergasta alertou sobre os impactos prolongados do El Niño até meados de 2024, destacando a pior seca em 121 anos na região. Ele também enfatizou a necessidade de as autoridades se prepararem para o aumento da temperatura em 2024 e a redução no período de chuvas. 

“2023 teve pior seca dos últimos 121 anos que a gente tem de registro aqui dentro da região amazônica, de acordo com centros europeus, norte-americanos que monitoram as anomalias nos oceanos, a previsão dos modelos climáticos é que o El Niño permaneça até os meses de maio a julho do ano de 2024 então, assim também, irá continuar persistindo as anomalias quentes, positivas no Atlântico Tropical Norte então, de um modo geral, isso é preocupante aqui para a nossa região”. 

Vergasta destacou que as chuvas permanecerão abaixo da média em novembro, com as temperaturas previstas para ficar cerca de 1 grau acima da média nos próximos quatro meses. Ele apontou atrasos na normalização dos níveis dos rios devido à atuação do El Niño e do Atlântico Tropical Norte.

O meteorologista concluiu seu alerta, destacando a incerteza sobre uma possível estiagem em 2024, mas instando as autoridades a monitorar de perto os níveis dos rios na região amazônica. “No mês de novembro as chuvas irão permanecer abaixo da média climatológica no estado. Já as temperaturas na média geral para os próximos 4 meses, ficarão em torno de 1 grau acima da média com relação aos níveis dos rios, uma vez que o período chuvoso na região vai estar sofrendo um atraso devido a atuação destes dois sistemas tanto o El Niño quanto o Atlântico Tropical Norte então os níveis dos rios também irão sofrer um atraso”.

“Em Manaus por exemplo a normalização do Rio Negro quanto a cota padrão é a partir de janeiro, já em Itacoatiara essa normalização deve ocorrer no mês de fevereiro. Ainda é cedo para se falar se teremos uma outra estiagem no ano de 2024, mas se essas previsões se confirmarem, fica um alerta para as autoridades principalmente com relação aos níveis dos rios aqui na região amazônica”, disse o meteorologista. 

Diante dessas circunstâncias, é crucial que os governantes implementem planos de longo prazo para garantir o bem-estar e a segurança da sociedade diante dos impactos materiais, emocionais e ambientais dos desastres naturais.