A Polícia Militar prendeu na noite dessa quarta-feira (8), em Caracaraí, dois supostos policiais civis do Amazonas, de 46 e 47 anos, acusados de sequestrar e torturar um autônomo de 44 anos, irmão de um cabo policial militar de Roraima, de 67. Eles foram encaminhados para a delegacia do Município. A vítima foi liberada pelos suspeitos com lesões nos pulsos por causa das algemas usadas e no peito em virtude de tapas, e ainda levou um choque no tórax.
A prisão foi feita pelo 1º Pelotão da 2ª Companhia de Policiamento Independente de Fronteira (2ªCIPMFron), no âmbito da Operação Êxodo – que acompanha a saída dos garimpeiros da Terra Indígena Yanomami – horas depois do crime ocorrido no Sul de Roraima. Os acusados teriam mentido à PM que estavam em operação conduzida pela Polícia Civil amazonense para apreender um caminhão de carga de minérios. Outros quatro supostos agentes também estariam envolvidos, segundo a testemunha.
Com os suspeitos, policiais de Roraima encontraram um distintivo da Polícia Civil do Amazonas, uma arma e 30 munições calibre 556 com carregador, uma submetralhadora e 30 munições calibre .40 com dois carregadores, duas pistolas, 63 munições e carregador de pistola 9 milímetros, uma granada de efeito moral, uma arma de eletrochoque, um canivete, uma algema, um par de coletes balísticos, um lado de colete balístico, duas capas de colete e uma pistola 9 milímetros.
O crime
O irmão da vítima contou à PM que o autônomo estava trabalhando em seu terreno na zona rural de Caracaraí, quando um três homens desceram de um carro Mitsubishi L200, se identificaram como policiais civis e perguntaram onde ficava uma das vicinais da região, pois nesse local estaria acontecendo uma briga.
A testemunha disse ter acompanhado os suspeitos de moto até o local, onde foi algemado e ameaçado com tapas e choques. Ele disse que os supostos policiais ameaçaram incendiar sua motocicleta se não colaborasse e queriam saber onde estava seu celular.
Um dos suspeitos foi à casa buscar o aparelho e deu desculpa à mãe da vítima que o carro havia quebrado e precisava fazer uma ligação. Nesse momento, deixaram a moto do irmão do autônomo próximo do sítio com a chave na ignição.
A vítima, por sua vez, informou à polícia que pararam em Iracema para abastecer o carro, porém, não tinha diesel no posto e seguiram a Mucajaí para abastecer no posto de combustível mais próximo, se deslocaram para a avenida em direção à vicinal do Apiaú e pararam em um boteco, sem saber o nome do local.
O autônomo disse ter sido pressionado a dar informação sobre um caminhão graneleiro que, segundo os supostos policiais, transportava cassiterita e teria sido furtado no último domingo (5). Enquanto isso, um veículo Fiat Uno azul chegou com três supostos policiais que alegaram ser do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) e recolheram seu celular para averiguar seu envolvimento com o crime e tinha informações sobre um envolvido, mas ele negou.
A vítima foi liberada e recebeu R$ 60 para voltar para Caracaraí, de ônibus, mas não teve o celular devolvido e ainda teve a família ameaçada pelos supostos policiais caso procurasse a polícia. Os acusados averiguaram a conta bancária, dados do telefone, mensagens e fotos do autônomo.
A prisão
A PM disse ter sido informada para averiguar o veículo L200 branca suspeita de envolvimento no crime, o qual estava saindo de Iracema a caminho de Caracaraí. Uma viatura de Mucajaí deu ordem de parada, mas o motorista desobedeceu fugindo em direção a Iracema.
Policiais avistaram o carro na entrada de Caracaraí e o abordaram na rodovia federal BR-174, próximo à rodoviária. Um dos suspeitos se identificou como policial civil do Amazonas, mostrando sua carteira funcional, e afirmou que o delegado responsável da delegacia especializada de roubos e furtos determinou a apuração de um roubo de carga de material, supostamente minério.
A PM de Roraima foi com os acusados até a 2ªCIPMFron para apresentarem a ordem de missão, mas o acusado não mostrou e ainda disse ter informado à Central de Flagrantes de Boa Vista sobre a operação em Roraima. Chefes dos policiais teriam informado aos agentes de Roraima não estarem cientes de nenhuma missão no Estado. Com isso, os suspeitos receberam voz de prisão.
Com informações do FolhaBV.