No município de Borba, uma intensa disputa entre o prefeito Simão Peixoto e o vice-prefeito José Pedro Freitas Graça veio à tona, acompanhada de graves ameaças e denúncias. Na manhã desta quinta-feira (14), em entrevista ao programa “Manhã de Notícias” com o jornalista Ronaldo Tiradentes, o vice-prefeito José Pedro Freitas Graça revelou que está sofrendo perseguições e ameaças desde o retorno do prefeito Simão Peixoto ao comando da prefeitura de Borba.
A decisão de Peixoto de retornar ao cargo foi tomada pelo Tribunal Regional Federal (TRF-1), em Brasília, após sua prisão em maio por corrupção e lavagem de dinheiro.
José Pedro da Graça denunciou que o atual prefeito estava negligenciando Borba, deixando-a em estado de abandono. Ele afirmou que, ao assumir em maio, a cidade estava em péssimas condições, com hospitais e postos de saúde desabastecidos. Graça detalhou as ações realizadas durante sua gestão, incluindo a disponibilização de médicos do programa Mais Médicos e o fornecimento de remédios para seis meses em todas as Unidades Básicas de Saúde.
Além disso, ele destacou que, quando a Justiça o incumbiu de assumir a prefeitura, não havia necessidade de contatar Simão Peixoto na prisão para tomar decisões municipais independentes.
“Nós pegamos lá no dia 23 de maio, quando a Gaeco me entregou, foram 34 dias para limpar a cidade, que estava um verdadeiro lixo. Hospital sem nada, os postos de saúde não tinham absolutamente nada e nós fomos remanejando isso. Nós deixamos pela nossa gestão, 10 médicos do Mais Médicos, todas as UBS com médicos, todas com 100% de remédios para seis meses. O governador Wilson Lima foi um parceiro que nos ajudou muito”, disse.
As ameaças começaram, segundo o vice-prefeito, após Peixoto perceber que havia perdido apoio da população, evidenciado pela diminuição do público em sua carreata de retorno. “No mesmo dia que ele chegou, fez uma carreata, e essa é a maior indignação dele porque da primeira vez que ele foi preso a população, realmente, foi consolidada, inclusive eu. Foi uma população gigantesca. Agora, na segunda prisão, não passou de 500 pessoas”.
Antigos aliados agora se tornaram inimigos políticos, com ambos os lados trocando acusações. Graça alegou que Peixoto retornou ao cargo com a mesma arrogância, fazendo ameaças e demitindo funcionários que haviam trabalhado em sua gestão temporária durante seu afastamento e prisão.
O vice-prefeito também relatou um incidente envolvendo o secretário de segurança do município e o chefe da guarda municipal, afirmando que eles o intimidaram durante uma agenda oficial, criando um ambiente de instabilidade e tensão na administração local. “As ameaças continuam. Me chamou de muitos nomes pejorativos, que eu tenho tudo gravado, estou representando isso na Justiça. Fez várias ameaças, que ia mandar invadir a minha casa. Muitas exonerações desde o dia 8 para cá. As pessoas que fizeram parte da gestão, não do José Pedro, mas sim da prefeitura, que participou da gestão. Ele [Peixoto] está mandado embora, perseguindo todo mundo”, disse.
Simão Peixoto já era conhecido por polêmicas anteriores, como ameaças a uma vereadora durante a campanha eleitoral de 2022 e um incidente em que agrediu o deputado estadual Roberto Cidade. Além disso, organizou uma luta em um octógono improvisado contra o ex-vereador Erineu Alves da Silva durante os lockdowns da pandemia de Covid-19.
Em uma nota à imprensa, Simão Peixoto negou as acusações de ameaças e perseguição ao vice-prefeito e afirmou que aguarda explicações sobre a interrupção do fornecimento de merenda escolar e a paralisação do transporte escolar durante o período em que José Graça foi prefeito interino. Ele também questionou uma dispensa de licitação para a compra de combustível. O prefeito reiterou seu compromisso com a verdade e a governança para todos os cidadãos de Borba, enquanto a Câmara Municipal abriu um processo de cassação do mandato de José Graça.
Simão Peixoto foi alvo da Operação Garrote, do Ministério Público do Amazonas (MP-AM), sob suspeita de desvio de R$ 29,2 milhões em licitações da prefeitura. Embora tenha sido preso em maio, ele foi solto em julho por decisão do Juiz Federal Marllon Sousa.