Karol Ane Lima e Talita Silva dos Santos - em matéria especial sobre "O Dia Internacional da Mulher"

Nesta quarta-feira, 8 de março, é celebrado o Dia Internacional da Mulher. A data busca anualmente reconhecer a luta e as muitas conquistas femininas ao longo dos últimos séculos, e principalmente, promover a reflexão sobre a sua importância para as diversas camadas da sociedade. 

A escolha do dia 8 de março tem a ver com dois eventos: o primeiro foi em 1908 com a greve das mulheres que trabalhavam na fábrica de camisas conhecida como “Triangle Shirtwaist Company”, em Nova York. O fato ocorreu em 1911, após um incêndio no local, que acabou vitimando 146 pessoas, sendo 125 mulheres e 21 homens. O segundo foram as manifestações de operárias durante a Revolução Russa, em 8 de março de 1917, cerca de 90 mil mulheres reivindicaram melhores condições de vida e os seus direitos trabalhistas (algo que na época era inexistente), além de manifestarem- se contra o Czar Nicolau I.

Entretanto, apenas em 1975 é que a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o Dia Internacional da Mulher no calendário de celebrações mundiais, homenageando o histórico de luta por direitos e igualdade. No Brasil, as mulheres conseguiram o direito ao voto em 1932, no governo de Getúlio Vargas. Outro marco importante foi a sanção da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006, conhecida como Lei Maria da Penha, em homenagem à farmacêutica que sofria agressões constantes do marido.

Para celebrar a data, convidamos duas mulheres, As entrevistadas falaram um pouco sobre os desafios e a importância do papel da mulher na sociedade. 

A primeira convidada se chama Talita Silva dos Santos, de 37 anos, casada a 12 anos e mãe de 4 filhos, Talita é diarista, e usa as suas redes sociais para divulgar seu trabalho de “Organizadora do Lar”. Ela já foi o principal sustento da sua casa durante dois anos somente por meio das faxinas que ela executava. Para ela, o dia da mulher não se resume somente ao dia 08 de março, mas sim, todos os dias.

“O dia da mulher não é só dia 08 de Março, mas sim todos os dias, todos os dias precisa demonstrar o quanto elas são importantes na vida de todos nós. O significado mulher é uma palavra forte, além de tudo são vários obstáculos que nós mulheres enfrentamos no nosso dia a dia, mas tirando isso é uma alegria fazer parte desse grupo fantástico, pois somos guerreiras e batalhadoras”.

De acordo com o site brasilescola.uol.com.br, inúmeros estudos comprovam que ainda hoje as mulheres sofrem com a desigualdade no mercado de trabalho em relação aos homens. A presença das mulheres no mercado de trabalho ainda é menor do que a dos homens, uma vez que dados de 2018 apontam que, no mundo, apenas 48% das mulheres maiores de 15 anos estão empregadas – para os homens, esse número é de 75%. 

Talita reafirmou o fato de o setor profissional feminino ter desafios muitos maiores comparado ao dos homens, principalmente por existir empresas que preferem não dar oportunidades para mulheres com filhos pequenos.

“As lutas que as mulheres vivenciam não é de hoje, as dificuldades, as superações e as conquistas vem de longa data. Uma das lutas vividas em nosso meio é o de ser dona de casa, mãe que tem ainda uma grande dificuldade de conciliar a vida profissional com a pessoal, pois existe empresas que não querem da oportunidade para pessoas do sexo feminino por terem filhos e ao mesmo tempo pensam que possam atrapalhar.”

Talita também ratificou que houve grandes conquistas alcançadas ao longo da história por mulheres, entre elas poder está à frente da liderança na política.

“Sim, a maioria das mulheres hoje são independentes, consegue conciliar as tarefas, temos mulheres à frente de política, no meio religioso e à frente de vários cargos em empresas, isso nos mostra como o papel da mulher vem se desempenhando.”

Como mensagem final, Talita parabeniza todas as mulheres pelas suas devidas ocupações (desde de filha e mãe) neste 8 de março.

“Parabéns pra nós mulheres guerreiras, filhas, mães e avós. Mulheres empoderadas, capazes e destemidas, seja lá o cargo ou posição que você ocupe, somos todas jóias preciosas aos olhos do pai.”

A segunda entrevistada foi Karol Ane Lima, mãe de duas meninas e sete cachorros, é formada em fotografia e no momento está se graduando mais uma vez, em Gastronomia. Karol participa de um projeto de extensão com pesquisa e desenvolvimento de pratos baseados na alimentação regional e inserção das PANC (plantas alimentícias não convencionais), e tem uma confeitaria com atendimento virtual, na qual ministra cursos e faz mentoria, além de ainda trabalhar como chefe de cozinha em um programa de televisão. Ao ser questionada sobre o significado do dia da mulher, ela diz ser um momento de reflexão.Karol também relatou sobre os desafios enfrentados pelas mulheres no setor profissional, entre eles a dupla jornada ( trabalhar e ter que cuidar da família).

“É um momento de reflexão sobre as lutas e as conquistas das mulheres, principalmente por igualdade e respeito ao longo da história. Ainda vivemos em uma sociedade em que ser mulher e ser mãe nos deixa no final da fila. Pois algumas empresas pensam que a mulher com filha vai ter seu rendimento afetado caso aconteça algo com a cria, a mulher que tem filha “tende a faltar mais”. Como costumo falar para um pai trabalhar ele só precisa de um emprego. Já uma mãe, precisa de um emprego, uma pessoa de confiança para olhar o filho, que os horários se encaixem e ainda tem que ver se não está trocando dinheiro, porque muitas vezes você entra em um emprego e só está pagando para tomarem conta do filho e você trabalhar, hoje em dia a maioria dos salários mal dão para pagar as contas. Ser mulher/mãe né mole não”.

As mulheres acabam enfrentando diferentes obstáculos que têm pouco a ver com suas habilidades. Os estereótipos de gênero estão entre eles, que é basicamente uma opinião ou um preconceito generalizado sobre atributos ou características que homens e mulheres possuem ou

deveriam possuir ou das funções que ambos desempenham ou deveriam desempenhar. Karol destacou um exemplo desse tipo de “limitação” que ainda ocorre no mercado feminino.

“Por ser mulher, fora do padrão e toda tatuada ainda mais, e na área em que eu trabalho tem ainda mais preconceito pois ao contrário do que as pessoas pensam a cozinha não é domínio das mulheres e sim dos homens. Então muitas vezes quando se vai para entrevista em restaurantes 90% pede que sejam homens!”.

Infelizmente suas vidas não são somente prejudicadas no mercado de trabalho, uma vez que ainda exista diariamente e a cada momento inúmeros casos de violência de gênero, os variados tipos de abusos e assédios, junto com o abandono que muitas sofrem de seu parceiro durante a gravidez, ainda são a realidade de muitas. Apesar dos obstáculos, que ainda são muitos, elas seguem firmes na luta por direitos, provando a sua grande capacidade de ir além do que muitos imaginam. 

Podemos assim destacar também os grandes avanços e conquistas que elas obtiveram ao longo das décadas. As mulheres estão presentes em praticamente todos os setores do mercado. Muitas já possuem cargos de grande relevância para o mercado empreendedor.

Atualmente é possível vê-las atuando na política, na engenharia, na ciência e na tecnologia. Elas são protagonistas do próprio negócio. Mas de acordo com o que foi relatado por Karol, o caminho ainda é extenso até conquistar a tão sonhada igualdade.

“Obtivemos muitas conquistas através da história, mas o caminho ainda é longo para alcançarmos a igualdade. Nada nos é oferecido, tudo para nós mulheres é duplamente complicado, mas estamos na luta para conquistar o nosso devido lugar. Lembre-se de que você tem o poder de fazer a diferença no mundo. Não tenha medo de ser corajosa, de lutar pelos seus sonhos e de inspirar outras mulheres a fazerem o mesmo”.