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Em cargos ocupados, majoritariamente por homens, elas seguem conquistando espaços e se tornando referência para outras mulheres

O dia 8 de março é grifado no calendário como o Dia Internacional das Mulheres. A data que é celebrada em diversos países é, também, a representação de uma luta por igualdade de gênero que perdura há anos. A presença e a liderança feminina em espaços tradicionalmente e historicamente ocupados por homens, felizmente, vem se tornando uma realidade cada vez maior. Mas essa luta não acabou, ainda há muito a ser conquistado por elas.

O Dia Internacional das Mulheres, comemorado em 8 de março, foi oficializado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975. No entanto, sua origem se deu muito antes nas lutas históricas das mulheres por igualdade e direitos trabalhistas e sociais. Em 8 de março de 1908 na cidade de Nova Iorque, um grupo de mulheres trabalhadoras têxteis realizaram protestos contra as condições de trabalho, exigindo melhores salários, redução da jornada de trabalho e direito ao voto. O evento ficou conhecido como a “Marcha das Mulheres”

Nos últimos 10 anos, de acordo com dados do levantamento Mulheres no Mercado de Trabalho, realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), a participação feminina em cargos de liderança passou de 35,7% para 39,1%. O estudo também revelou que a participação feminina em cargos de liderança passou de 35,7% em 2013 para 39,1% em 2023, enquanto que o índice de empregabilidade das mulheres registrou alta de 6,4% no período. Apesar disso, o caminho precisa ser cada vez mais pavimentado.

No Amazonas, as mulheres estão ganhando maior visibilidade e assumindo lideranças nas empresas, além de liderarem projetos importantes na região. Em celebração a data, a redação do portal Amazônia Press, preparou uma matéria especial sob a ótica de algumas mulheres protagonistas de vidas e profissões. Conheça algumas dessas mulheres que inspiram.

A força feminina na área educacional

Foto: arquivo pessoal



Eliana Cássia de Souza, diretora técnica pedagógica do
Centec, em Manaus, é um exemplo de liderança feminina na educação. Com mais de 30 anos de experiência como empreendedora na área de educação, Eliana tem sido uma força motriz na promoção da igualdade de gênero e na incorporação de inovação e empreendedorismo em sua escola técnica. A diretora observa que o setor educacional tem tido um aumento no número de gestores do sexo feminino ao longo dos anos.

“Acredito que a sensibilidade aguçada das mulheres, que as ajuda a se colocar no lugar do outro, é uma vantagem significativa. Esta empatia permite que elas ajudem aqueles que buscam a educação como uma forma de melhorar seu futuro e não desistam diante dos desafios”, observa.

No entanto, Eliana reconhece que as mulheres ainda enfrentam o desafio da dupla jornada. Mesmo ocupando cada vez mais posições de liderança, as mulheres ainda são sobrecarregadas com a responsabilidade de gerir a casa e cuidar dos filhos.

 

“As mulheres ocupam cada vez mais lugares na área da gestão, trabalhando oito horas por dia fora de casa, e depois precisam gerir seu lar, cuidar dos filhos, por exemplo. Esse foi o meu maior desafio, conciliar todos esses papeis. Ainda não temos uma divisão justa nas tarefas domésticas entre homens e mulheres e isso acaba pesando para o nosso lado”, avalia.

Apesar desses desafios, Eliana conseguiu conciliar em ser empreendedora, mãe, esposa e filha. Como empreendedora, ela se esforça para oferecer oportunidades iguais para homens e mulheres em sua escola. Os cargos são ocupados independentemente do gênero, levando em consideração as habilidades de cada indivíduo. A empresária acredita que as habilidades comportamentais são as mais importantes para as mulheres e qualquer colaborador hoje em dia. Trabalhar em equipe, ter inteligência emocional, empatia, foco em resultados, senso de urgência, atitude colaborativa e, acima de tudo, colocar amor em tudo o que faz são as habilidades que ela valoriza.
“Posso dizer que as maiores habilidades das mulheres estão nas competências comportamentais, que é algo muito buscado pelo mercado”, comenta.

Eliana Cássia de Souza é um exemplo inspirador de liderança feminina na educação. Sua história destaca a importância das mulheres na educação e o papel vital que desempenham na formação do futuro da nossa sociedade.

A liderança feminina na gestão de grandes instituições

Foto: arquivo pessoal

   

Para Lídia Abdalla, presidente-executiva do Grupo Sabin, apesar de gradual, é importante notar essa evolução e comemorar. “Se nós, mulheres, olharmos para trás, temos muito a celebrar. Esses dados refletem não apenas o talento e a capacidade das mulheres, mas também um passo significativo em direção à igualdade de gênero no mundo corporativo. Mas, embora represente uma conquista, essa proporção demonstra que ainda há muito a ser feito para alcançar a equidade nas lideranças empresariais”, afirma.

Lídia Abdalla, que começou na empresa como trainee em 1999 e completou recentemente 10 anos na presidência do Grupo, hoje o terceiro maior de medicina diagnóstica do Brasil, também tem sido uma voz ativa na promoção da diversidade e inclusão no ambiente corporativo.
 
“Não precisamos escolher entre ser mãe e se dedicar a uma profissão e carreira, podemos fazer isso ao mesmo tempo. A mulher tem muitas habilidades que a diferenciam no ambiente de trabalho. As empresas precisam dessa diversidade para crescer e serem mais inovadoras,” relatou.   

 As conquistas alcançadas até o momento, incluindo histórias como a de Lídia Abdalla, são motivo de celebração e reconhecimento do progresso que foi feito em direção à igualdade de oportunidades no ambiente corporativo. Fundado por duas mulheres, Sandra Soares Costa e Janete Vaz, o Grupo Sabin completa 40 anos em maio e se destaca pela força de trabalho feminina. Do total de colaboradores no país, 77% são mulheres. O número se expressa também nas funções de liderança da empresa, 74% dos cargos de liderança no Sabin são ocupados por mulheres.

“Naturalmente, falamos da força e da relevância da mulher no mercado de trabalho, pois vivemos isso diariamente no Sabin. As fundadoras compartilham conosco seus exemplos, mostrando que, de fato, não precisamos escolher entre família e trabalho. É possível conciliar todas as atribuições com equilíbrio; é possível atuar em todas as áreas e, também, ser exemplo e inspiração para outras mulheres e empresas,” destacou.

Quando olha para fora da empresa, Lídia percebe que ainda há muito espaço para ser conquistado.  “É muito comum chegar a um evento de presidentes/CEOs e eu, mulher, ser parte da minoria ali. Muitas vezes, fui a única em uma sala com 15 ou 20 presidentes. É quando você percebe a diferença e a desigualdade. Mas, por ter sido criada em uma família de mulheres fortes e que acredita que podemos estar à frente dos negócios e ter construído minha vida profissional em uma empresa inclusiva, sempre consegui me posicionar e enfrentar todos os ambientes sem sobressaltos”.

Para ela, é essencial que as companhias continuem a promover a diversidade e a inclusão em todos os níveis organizacionais, implementando políticas e práticas que criem ambientes de trabalho verdadeiramente equitativos e inclusivos.