Sim, você leu certo a linha acima: há vantagens em estar só. Porque estar solteiro ou solteira pode ser um momento benéfico para muitos. Quando estamos nessa vibração, o autoconhecimento toma conta e a gente mergulha fundo para saber quem realmente é, o que espera e faz um balanço da vida, sem culpa, sem pressão, sem outros focos que não seja somente você.
E os estudos não mentem: de acordo com uma pesquisa da Euromonitor International, o número de solteiros já ultrapassa o de casados na América do Norte e na Europa, e deve crescer mais de 20% no mundo até 2040. O IBGE estima que no Brasil há 81 milhões de solteiros e 63 milhões de casados pelos dados do último levantamento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). “Tom Jobim que me perdoe, mas é possível ser feliz sozinho, e fundamental mesmo é se sentir bem, sem depender de ninguém.
Em um casamento, ou mesmo uma união estável, você passa a compartilhar sua vida com outra pessoa, o que significa menos tempo para se dedicar aos amigos, à família e até a atividades rotineiras e descompromissadas, como ir a um bar com o pessoal do trabalho depois do expediente”, exemplifica Claudia Petry, pedagoga com especialização em sexologia clínica e membro da Sbrash (Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana).
Para Edson de Paula, doutorando e mestre em psicologia pela PUC Campinas, especialista em psicologia da saúde ocupacional pela USP e bestseller, é preciso entender que o nosso ego busca constantemente obter uma satisfação imediata, seja por bens materiais, realizações pessoais ou profissionais e, principalmente, pelos relacionamentos, pois são eles que satisfazem basicamente nossas necessidades de segurança, reconhecimento e autoestima.
“Então, podemos afirmar que baseamos nossas escolhas de relacionamentos na maneira como os outros poderão satisfazer as nossas necessidades: queremos que os outros nos admirem — pelo reconhecimento — e que também nos deem carinho, proteção e zelo — pela segurança e, com isso, aumentamos nossa autoestima. O maior problema a ser revisto neste ponto é que damos mais valor para aquilo que iremos receber dos outros do que para aquilo que realmente podemos oferecer a alguém em um relacionamento”.
É fato que acabamos camuflando nosso “verdadeiro eu”, principalmente no início de uma relação afetiva, pois, na ânsia de cativarmos o outro para satisfazer nossas necessidades de reconhecimento e segurança, criamos uma falsa identidade baseada inconscientemente no medo que temos de sermos rejeitados por alguém, ou de não sermos aceitos pelo que realmente somos. “Com isso, em vez de celebrarmos o que um relacionamento afetivo realmente nos oferece — o ato de nos conhecermos melhor, íntima e profundamente, para também podermos conhecer melhor o outro, com seus defeitos, aceitando as diferenças, negociando expectativas e aprendendo —, ficamos apegados ao terrível jogo de como seremos validados pelo outro”, aponta o escritor.
Segundo Danielle H. Admoni, psiquiatra geral e supervisora na residência da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp/EPM) em muitos casos, a mulher se sente mais sozinha em um casamento do que se estivesse solteira. “Se a relação for sufocante, a ponto de você se anular, perder sua identidade e se afastar das pessoas que ama, pule fora! No final do dia, o que importa são as pessoas que te fazem bem, mais do que ter ou não um marido ou namorado”, pontua.
Ainda, de acordo com um artigo publicado no Journal of Social and Personal Relationships, pessoas solteiras costumam ter maior contato e proximidade com amigos e familiares, quando comparadas àquelas casadas. De fato, solteiros buscam prioritariamente aquilo que é mais relevante para elas, como uma carreira mais significativa e maior desenvolvimento pessoal. “Com mais independência, a probabilidade de atingir seus objetivos é bem maior, e não há relação amorosa no mundo que substitua a sua autonomia e a liberdade de estar no comando da sua própria vida”, declara a pedagoga.
É comum vermos pessoas criando constantemente modelos de amor em relacionamento fantasiosamente perfeitos porque precisamos dar resposta às nossas expectativas mais que perfeitas. Mas isso não é nada saudável porque acabamos mentindo para nós mesmos. “As expectativas que criamos são totalmente focadas no outro, em como seria se alguém pudesse realmente satisfazer todas as nossas carências e nos esquecemos da parte mais importante no relacionamento que é o ato de amarmos a nós mesmos antes de amarmos alguém”, detalha o psicanalista.
Aí vem a pergunta: o que fazer para acertar? “É preciso criar regras de conduta para um relacionamento afetivo, deixar bem claro quais são as necessidades que deverão ser satisfeitas e também as regras de deverão ser seguidas por ambas as partes e isso deve ser sempre revisado, pois é justamente por não se criarem estas regras de condutas que os relacionamentos terminam precocemente.”
Em suma, dia 12 está chegando e o que mais importa é sua felicidade e paz interior. De que adianta ter alguém para chamar de seu se você se descabela o tempo todo para agradar à pessoa que nem está assim tão ao seu lado e nunca está satisfeita? Relacionamento é para ser algo bom para ambos, uma via de mão dupla, quando começa a fazer mais mal do que bem, é porque chegou a hora de repensar. De uma coisa temos certeza nessa vida, aliás, duas.
A morte e, a segunda, na minha opinião, que ninguém morre de amor. Que dirá de separação ou solidão. Lembre-se: estar sozinho não significa que você é sozinho ou sozinha. Antes de tudo isso é preciso amar-se, respeitar-se, conhecer-se e permitir-se. E o resto vem agregar. Ah, a incansável busca de amor deve ser a do amor próprio, sempre, viu?