(FOLHAPRESS) – Nos acréscimos da partida contra o Uruguai pelas oitavas de final da Copa do Mundo de 2018, Cristiano Ronaldo estava irado.
Tão nervoso que uma reação de reclamação contra o árbitro do jogo lhe rendeu um cartão amarelo. Era o segundo dele no torneio. Se Portugal passasse, ele não jogaria as quartas.
Nenhum português jogou.
Com dois gols de Cavani, a seleção sul-americana despachou a europeia com uma vitória por 2 a 1, num dia de despedidas históricas.
Horas antes do confronto, a Argentina de Lionel Messi também tinha dado adeus à competição, superada pela França.
Os dois astros que polarizaram as atenções do futebol na última década deixaram o Mundial da Rússia praticamente juntos.
Nesta segunda-feira (28), um deles pelo menos poderá buscar uma vingança. O estádio Lusail, no Qatar, será o palco de mais um encontro entre portugueses e uruguaios, às 16h (de Brasília).
Líderes do Grupo H após a vitória sobre Gana na estreia, os europeus podem encaminhar a classificação para as oitavas de final e ainda complicar a situação do adversário, que empatou sem gols com a Coreia do Sul.
Será o segundo encontro entre as nações em uma Copa. Desde o primeiro, na Rússia, os elencos passaram por profundas mudanças.
Dos 26 jogadores levados por Fernando Santos ao Qatar, apenas dez estiveram com a seleção em solo russo. Ruí Patrício, Pepe, Raphael Guerreiro, William Carvalho, João Mário, Bernardo Silva e Cristiano Ronaldo foram titulares no torneio, enquanto Rúben Dias, Bruno Fernandes e André Silva eram opções de banco.
No plantel atual, o quarteto Cristiano Ronaldo, Rúben Dias, Bruno Fernandes e Bernardo Silva são os únicos com lugar cativo entre os 11 que começam jogando.
Apesar da idade avançada de seu capitão (37 anos), o elenco português levado para o Qatar é visto com mais qualidade e capacidade de brigar pelo título do que o de 2018.
Conseguiu mostrar isso na estreia, ao vencer Gana por 3 a 2. A boa atuação coletiva foi importante para mostrar a união do grupo a despeito das polêmicas envolvendo o maior astro do time.
Às vésperas do Mundial, Cristiano Ronaldo desligou-se do Manchester United depois de fazer duras críticas ao clube.
Havia um temor de que isso pudesse contaminar o elenco português. Bruno Fernandes e Diogo Dalot eram companheiros de Cristiano Ronaldo no time inglês.
A resposta veio com os abraços após cada um dos gols portugueses na Copa.
No Uruguai, apesar de haver 12 remanescentes da última Copa, incluindo os atacantes Suárez e Cavani -este último é reserva atualmente-, a principal mudança desde o último torneio não está dentro do campo, mas à margem dele.
Depois de 15 anos, o técnico Óscar Tabárez foi demitido durante o ciclo para a Copa do Qatar devido ao risco que o Uruguai correu de ficar fora do Mundial. A seleção teve um início irregular nas Eliminatórias.
No lugar do longevo treinador, assumiu Diego Alonso, que, na visão do técnico Fernando Santos, manteve o mesmo DNA da equipe. “A equipe atual tem muitos valores. A matriz de jogo não mudou muito”, apontou o português.
Ainda que o espírito da equipe seja o mesmo, algumas mudanças trouxeram a renovação que o Uruguai precisava. Nomes como Valverde (Real Madrid) e Darwin Núñez (Liverpool) deram um novo fôlego ao time.
As trocas em ambas as seleções fazem Diego Alonso rechaçar comparações com o duelo de 2018.
“É uma história distinta de há quatro anos. Os jogadores são diferentes e as circunstâncias também. Tudo isso vai levar a que o jogo tenha dinâmicas diferentes e até um resultado diferente”, disse.
O novo enredo deverá definir o futuro dos dois países em solo qatariano.