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O estado do Amazonas está enfrentando graves desafios devido à combinação de uma intensa onda de calor e a presença constante de fumaça, resultando em impactos negativos na saúde da população. Oito dias após o governador Wilson Lima (UB) declarar Situação de Emergência Ambiental em municípios das regiões Sul do Amazonas e Metropolitana de Manaus, a capital foi encoberta por nuvens de fumaça na última quarta-feira (20).

A onda de calor que assola a região amazônica nos últimos meses tem levado as temperaturas a níveis extremos, superando recordes históricos e tornando o ambiente ainda mais desafiador para os habitantes do Amazonas. Além disso, a fumaça proveniente das queimadas florestais tem contribuído para a piora da qualidade do ar na capital, aumentando os riscos à saúde dos moradores.

O especialista e mestre em otorrinolaringologia pela Universidade Federal de São Paulo, Luiz Carlos Nadaf, destacou algumas das consequências da onda de fumaça na cidade. “A fumaça pode prejudicar de duas formas: desencadeando processos alérgicos em pessoas sensíveis e causando inflamações devido aos produtos tóxicos liberados pela queima”, afirmou.

O número de focos de incêndio detectados no estado do Amazonas já superou a média histórica para o mês de setembro, antes mesmo do final do mês, conforme informações do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), analisadas pela CNN Brasil. Até o dia 19 de setembro, foram registrados 5.186 focos de incêndio, um aumento de 72,6% em relação à média histórica de 3.003 focos para o mês.

Segundo o otorrinolaringologista, a combinação da onda de calor e da fumaça tem causado sérios problemas respiratórios, como sinusite e asma. “São principalmente doenças relacionadas às vias respiratórias superior e inferior, incluindo rinite alérgica, sinusite, faringite, bronquite e asma”, ressaltou.

A Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS) divulgou informações que indicam um aumento de 4,2% nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) entre os dias 13 e 26 de agosto, em comparação com períodos anteriores. Do total de casos, 15,3% foram atribuídos a outros vírus respiratórios, 14% à Covid-19, 14% não foram especificados, 4% à Influenza e 2% a outros agentes etiológicos. A FVS relatou que 50,7% dos casos estão em investigação.

O especialista também enfatizou que os efeitos combinados da onda de calor e da fumaça têm afetado diretamente os grupos mais vulneráveis, como crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias pré-existentes. “As pessoas mais vulneráveis são aquelas que possuem alergias respiratórias, como rinite alérgica e asma, além daquelas que já têm doenças pulmonares crônicas, como bronquite crônica e enfisema”, destacou.

Para concluir a entrevista, o médico especialista reforçou a importância de medidas preventivas, como evitar atividades físicas ao ar livre nos horários mais quentes do dia e usar máscaras para proteção respiratória. Ele recomendou também a hidratação oral, o uso de máscaras em áreas externas, a lavagem nasal com soro fisiológico e a manutenção de ambientes fechados para evitar a entrada de fumaça.

Além das medidas individuais, é crucial adotar ações coletivas para combater as queimadas e reduzir a emissão de gases poluentes, exigindo uma resposta efetiva das autoridades públicas, com o objetivo de minimizar os impactos na saúde da população.

Por: Camili Vitória