A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), terá uma sessão secreta com Alan Diego dos Santos, condenado por tentativa de atentado a bomba em Brasília. Em oitiva na manhã desta quinta-feira (29/6), ele admitiu que colocou o “artefato” no caminhão-tanque próximo ao Aeroporto de Brasília, mas alegou ter sido ameaçado.
Por isso, o presidente do colegiado, Chico Vigilante (PT), adiantou que ele será novamente convocado, agora em sessão secreta, para dizer quem o ameaçava. Alan se recusou a fornecer o nome na sessão aberta.
Entre várias perguntas não respondidas, ele afirmou, brevemente, que estava sendo ameaçado. O presidente da CPI, Chico Vigilante (PT), questionou se as ameaças vinham da extrema-direita da política. Alan foi categórico: “Sim”.
Os distritais questionaram várias vezes, por diversas formas, que tipo de ameaças foram essas. A explicação foi confusa. “Se você está vendo várias pessoas fazendo esse tipo de reunião, ‘que vai fazer’, aí você não acredita, aí você fica vendo que vai ter. Aí você está acostumado a trabalhar com a Polícia Militar e a Polícia Civil. Eu não precisava falar isso aqui, mas estou falando. Eu faço parte da inteligência, mas não sou remunerado. Não é agente secreto, eu ajudo.”
Em depoimento à Polícia Civil do DF, no entanto, ele não citou essas supostas ameaças, além de dizer que os manifestantes bolsonaristas acreditavam que uma explosão “atrairia a atenção do Bolsonaro para invocar o art. 142 e fazer a intervenção”.
Na mesma sessão que o depoente alegou ter sofrido essas ameaças da direita, deputados alinhados ao bolsonarismo que compõem a CPI não compareceram, como vinham fazendo nas últimas oitivas. Thiago Manzoni (PL), Joaquim Roriz Neto (PL) e Paula Belmonte (Cidadania) não participaram para questionar Alan Diego dos Santos.
Paula compareceu ao segundo depoimento do dia, de George Washington, e disse que estava na formatura do filho mais novo pela manhã.
Os dois condenados pela tentativa de explodir um caminhão-tanque perto do Aeroporto de Brasília, em um ataque político contra o resultado das urnas, são ouvidos hoje. Alan Diego dos Santos e George Washington de Oliveira Sousa prestam depoimento desde as 9h30.
Eles planejaram a explosão na véspera do Natal do ano passado. A bomba estava acoplada a um caminhão-tanque e só não foi atingida por um erro técnico.
Em maio, Alan foi condenado a 5 anos e 4 meses, em regime inicial fechado. Já George terá que cumprir 9 anos e 4 meses de reclusão, também em regime fechado. Presos no Complexo Penitenciário da Papuda, eles foram escoltados à Câmara Legislativa nesta manhã. Os ouvidos terão garantido o direito ao silêncio, de acordo com decisão proferida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em 15 de junho.
“Espero que os depoentes respondam as perguntas feitas pelos integrantes da Comissão e não fiquem calados, como fez o senhor George Washington, em outra oitiva, em que ele não respondeu a maioria das perguntas e recorreu ao direito de permanecer calado. Solicitei aos delegados que assessoram a CPI, para irem ao presídio intimá-los e discutir com as autoridades de segurança sobre o transporte dos dois até a Câmara Legislativa, para que eles participem da oitiva”, disse o presidente da CPI, Chico Vigilante (PT).
Fonte: Metrópoles