A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a liberação, pelo Governo Federal, de recursos públicos para Organizações não Governamentais (ONGs) e Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), mais conhecida como “CPI das ONGs, teve a sua primeira audiência pública nesta terça-feira (04). Presidida pelo senador Plínio Valério (PSDB-AM), a audiência ouviu mais três representantes indígenas e ribeirinhos.
Fundador e presidente do Instituto de Ação Social “Juntos, Unidos, Somos Mais Fortes do Estado do Amazonas (JUSMAF), Silas Cidade foi convidado a fazer parte do momento e declarou que, após ouvir os depoimentos dos indígenas e ambientalistas, acredita que a Polícia Federal e demais órgãos ambientais precisam fiscalizar essas atividades de uma forma urgente.
“O relato de cada indígena do que eu ouvi e vi é estarrecedor. É uma coisa desumana. Falaram de ONGs que administram recursos que vem do exterior para preservação da fauna, flora e da Amazônia, mas, na verdade, essas ONGs estão no meio da Amazônia para ensinar o indígena a ser indígena. O que acontece ali é o sumiço de todo o recurso. Eu ouvi de uma liderança indígena feminina que a fome, a miséria e o esquecimento estão instalados dentro de grandes parques ambientais na Amazônia, ocasionando a fome. Isso me chamou muita atenção por eu trabalhar com a área social. Vi a necessidade de trabalharmos forte em cima dessa ação e precisamos mostrar para o Brasil o que acontece com inúmeros recursos que são destinados”, declarou.
Além disso, Silas também destacou que algumas dessas ONG’s fizeram campanhas de depósitos via pix para ajudar algumas famílias no período da pandemia e pontuou que foram destinados milhões de reais, mas apenas três famílias foram ajudadas.
“O Senado Federal está de parabéns com esta pauta da CPI das ONGs porque, na verdade, é mostrar a realidade do que está acontecendo na Amazônia. Não só aqui no Amazonas, no Norte, mas também em outros cantos onde essas ONGs atuam. Então, o Brasil, o nosso país, está entrando no trilho dessa fiscalização. É necessário fiscalizar todos os recursos. Escutei inúmeros relatos e é uma tristeza para a gente, brasileiro, ver que o nosso povo está sofrendo dessa forma por falta do recurso que era para ser destinado para o caboclo, para o indígena e nem sequer não chega na ponta. Todo recurso destinado é desviado e a CPI mostra isso”, disse.
De acordo com Silas, a instalação da CPI foi feita a pedidos de inúmeros indígenas do Norte e de todo o país que, conforme o que disse, sofrem nas mãos de ONG’s. Silas ressalta que o mais citado pelas denúncias foi o Instituto Socioambiental (ISA).
“É importante levar essa notícia para o povo amazonense acredito que a CPI das ONGs vai ser o pontapé inicial para que possamos ter outras CPIs de recursos que são destinado pra tal ajuda ou apoio, para que esses problemas não ocorram mais. É de suma importância enfatizar essas informações pois quem sofre é a pessoa de baixa renda que não recebe o recurso. O indígena não pode ser instrumento de recursos para pessoas que coordenam essas ONGs. Então precisamos, de fato, pautar essa realidade do que está acontecendo”, pontuou.
Complementou ainda: “A CPI tem a participação de outros estados, como Rondônia, Roraima, Acre, Tocantins e Paraná… todos com interesse em saber disso, pois o sofrimento está instalado no meio da Amazônia e a fome está devorando o indígena.
Durante pronunciamento no Plenário do Senado durante a sessão desta terça da CPI, o Cacique da aldeia Bragança, Miguel dos Santos, afirmou que as Organizações não Governamentais (ONGs) são uma verdadeira pandemia e que as organizações compram e dominam lideranças indígenas.
“[…] Dá medo entrar na floresta e topar com gringo e drones, para eu entrar na minha terra eu tenho que pedir licença, as ONGs compram e dominam nossas lideranças. Meu próprio irmão não me conhece mais. ONGs são uma verdadeira pandemia”, declarou.