Foto: Altemar Alcântara/Semcom

A disseminação do novo coronavírus tornou janeiro o mês mais triste da história do Amazonas, com recordes de mortes, internações e casos confirmados de Covid-19. Neste mês, o estado viveu cenas de caos por falta de oxigênio nos hospitais.

Em janeiro deste ano, 2.522 pessoas morreram de Covid-19 no Amazonas. Cemitérios da capital registraram filas de carros funerários e tiveram que voltar a instalar câmaras frigoríficas.

Para se ter uma ideia, na primeira onda da doença no estado, entre abril e maio do ano passado, foram 2.850 vidas perdidas nos dois meses juntos.

O número de internações por Covid disparou e as unidades de saúde ficaram superlotadas, e acabaram sofrendo com falta de oxigênio. Órgãos de controle denunciam que pessoas morreram por asfixia em hospitais de Manaus e interior do estado.

Em janeiro deste ano, foram 5.018 novas internações por Covid. Por conta do colapso, outros estados começaram a receber pacientes do Amazonas, transferidos em aviões da Força Aérea Brasileira (FAB).

Só neste mês, 66.381 novos casos da doença foram confirmados. O comércio não essencial foi proibido de abrir dia 2 de janeiro, e deve permanecer fechado até 7 de fevereiro. A circulação de pessoas está restrita durante as 24 horas do dia.

O governo afirmou que campanhas eleitorais e aglomerações em ambientes recreativos estavam causando o aumento de casos, e decidiu fechar o comércio dia 26 de dezembro. Porém, diversas manifestações tomaram a capital e o governador decidiu reabrir as atividades porque, de acordo com ele, os atos geraram mais danos que o comércio aberto.

O virologista e vice-diretor de Pesquisa e Inovação da Fiocruz Amazônia, Felipe Naveca, afirmou em o Amazonas vive, em janeiro, um aumento grande do número de casos de Covid que pode estar relacionado com uma série de fatores:

  • aumento esperado após as festas de fim de ano;
  • alta de casos que vinha desde setembro/outubro em ritmo menos acelerado;
  • período do inverno amazônico, que, historicamente, compreende aumento de casos de todos os vírus respiratórios;
  • presença nova variante (P.1) que aparenta ter potencial de transmissão maior.

“Todos esses fatores levaram a uma situação muito favorável ao vírus, e é por isso que a gente diminuir o mais rápido possível a transmissão. Uma vez que a vacina ainda é algo que está mais longe, a gente ainda vai demorar a atingir um número razoável de pessoas vacinadas, a gente precisar focar nas medidas não-farmacológicas, como distanciamento social, lavagem das mãos e utilização de máscaras”, afirmou Naveca.

Fonte: G1