Investigando a omissão da cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal ante os atos de 8 de janeiro, a Procuradoria-Geral da República esbarrou em ‘relações econômicas aparentemente ilícitas’ do coronel Jorge Eduardo Naime Barreto, ex-comandante do Departamento de Operações.
Segundo o Ministério Público Federal, ele fez o transporte de R$ 1 milhão em espécie de São Paulo para Brasília. O órgão vê indícios de uso de ‘escolta’ da PMDF no trajeto, assim como potencial lavagem de dinheiro, sendo que o transporte que teria se dado em benefício de um homem chamado ‘Sergio de Assis’.
Além disso, a PGR lança suspeita sobre a atuação de Naime como presidente da Associação dos Oficiais da corporação, com aparente desvio de recursos angariados pela entidade.
As indicações constam da cota apresentada ao Supremo pela PGR junto da denúncia contra a cúpula da PM de Brasília. As investigações sobre a omissão dos militares do 8 de janeiro culminou não só na acusação, mas também na abertura da Operação Incúria nesta sexta, 18,
O Ministério Público Federal pede que a Corte máxima encaminhe o caso para apreciação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, ‘para as providências que entender cabíveis’. A Procuradoria quer que o STF ainda deixe autorizado o compartilhamento, com os investigadores em primeiro grau, das informações extraídas do celular de Naime.
Com relação ao transporte de R$ 1 milhão em cash, a Procuradoria argumenta que a conduta ‘só se justifica logicamente nos casos em que os recursos possuem origem ilícita, considerando o elevado risco e os maiores custos da operação’.
De outro lado, o órgão detalha as suspeitas que recaem sobre o militar enquanto Presidente da Associação dos Oficiais da Polícia Militar do Distrito Federal. Segundo o MPF, o coronel fechou contrato com empresas ligadas a ‘Sergio Assis’, para supostos serviços de ‘assessoria e marketing’, com o pagamento de R$ 8,9 mil por mês.
A PGR narra que o contrato foi assinado em fevereiro de 2022 e, a partir de então, Sérgio começou a fazer pagamentos mensais em favor de Naime, no valor de R$ 8 mil. “Desse modo, como consectário do contrato, dos R$ 8.900.00 que saíam do fluxo de caixa da Associação dos Oficiais da PMDF, R$ 8.000,00 retornavam para o próprio policial e somente R$ 900,00 eram retidos por Sérgio Assis”, indicou a Procuradoria.
Nessa linha, o órgão levanta a hipótese de que o contrato tenha sido uma ‘forma de desviar os recursos que, quando transferidos a Naime funcionavam como ‘recebimento de vantagem indevida em razão do cargo’. “Isso porque Naime prestava serviços a Sérgio de Assis, como o transporte de valores à margem do sistema financeiro”, indicou a PGR.
Assim, a PGR apontou ‘evidente lesão contínua, com por pagamentos sucessivos decorrentes de contrato simulado, aos associados da Associação dos Oficiais da PMDF’. Além disso, foram encontrados indícios de corrupção por parte do militar.