Mahmud Hams/AFP

O atual conflito entre Israel e Palestina é uma das questões geopolíticas mais complexas e persistentes da história, abarcando décadas de tensões e confrontos. Contudo, a tragédia e a violência continuam profundamente enraizadas na região. No último sábado, em um surpreendente ataque, o Hamas, o Movimento de Resistência Islâmica, lançou um ataque inesperado contra Israel.

Este já é considerado um dos ataques mais graves das últimas décadas, resultando em perdas significativas de vidas em ambos os lados, com cerca de 500 mortos nas primeiras horas do conflito. A rápida e intensa escalada deste confronto serve como um sombrio lembrete da instabilidade e imprevisibilidade contínuas que cercam a região. O conflito armado entre o Hamas e Israel tem raízes em uma longa história de rivalidade. Os ataques terroristas do grupo a partir da Faixa de Gaza no sábado e a forte resposta israelense desde então refletem desafios seculares e posicionamentos diferentes.

Conforme observado pelo sociólogo Luis Carlos Marques, o atual conflito entre Israel e o Hamas é único em sua natureza. Pela primeira vez na história, a guerra foi iniciada em território israelense. “Esta guerra atual é diferente de todas as outras porque o Hamas conseguiu penetrar nos territórios ocupados por Israel. É importante salientar que essas terras sempre foram palestinas. No entanto, Israel detém atualmente 90% dessas terras, enquanto os palestinos possuem apenas 10%, divididos em duas faixas de terra. Portanto, a diferença deste conflito em relação aos anteriores é que pela primeira vez, está ocorrendo uma guerra nos territórios ocupados por Israel,” explicou.

Luis também destaca a dificuldade de Israel em conter o avanço dos palestinos, com muitos israelenses sequestrados e infiltrados na Palestina. “Esta guerra está sendo travada dentro dos territórios ocupados por Israel, e isso impede que Israel contenha o avanço do Hamas. Eles estão infiltrados nos bairros, na população, tornando difícil identificá-los e retaliar. Se eles lançarem uma bomba em um bairro onde supostamente um membro do Hamas está, correm o risco de matar israelenses,” enfatizou o sociólogo.

O especialista conclui que o Hamas vê a ofensiva militar como uma ação defensiva contra décadas de violência, humilhação, genocídio e ações terroristas de Israel contra os palestinos. “É complexo rotular o Hamas como terrorista. O grupo é formado, em grande parte, por pessoas que perderam familiares nas mãos de israelenses. Eles estão lutando não apenas pela pátria, mas também por suas famílias. O dilema de Israel está na guerra que ocorre dentro de seu próprio território. É evidente que, em algum momento, esse conflito inevitável ocorreria, pois a situação do povo palestino é insustentável. Eles vivem na Faixa de Gaza, onde quase 70% da população está desempregada, sem acesso regular à água potável, hospitais sem água e energia limitada. O cerne desse conflito é a busca pela liberdade e pela autodeterminação,” concluiu.

É crucial destacar que ataques a alvos inocentes são condenáveis, independentemente do lado envolvido no conflito. Devemos buscar uma compreensão mais profunda do contexto complexo que envolve essa disputa, reconhecendo que ambas as partes têm sofrido perdas e danos significativos ao longo dos anos.