O acesso aos serviços de saúde nas áreas rurais do Amazonas apresenta uma série de desafios. As longas distâncias, a dispersão da população, a falta de investimento em saneamento e as dificuldades de transporte e comunicação são os principais obstáculos para garantir uma assistência de qualidade.
Um dado alarmante revelado pelo Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Amazonas (COSEMS-AM) é que algumas cidades da Amazônia chegam a pagar até R$135 mil por mês devido à escassez de especialistas na região.
No entanto, são as comunidades isoladas que sofrem ainda mais com essa situação. Além das dificuldades de locomoção, essas comunidades não têm acesso a informações básicas sobre cuidados e prevenção, como orientações sobre higiene e realização de exames preventivos.
Em entrevista ao Portal Amazônia Press, a Dra. Larissa Alencar, médica clínica geral voluntária da Associação dos Estudantes de Saúde Adventistas de Manaus (AESAM), Doutores da Amazônia e Cruz Vermelha, ressaltou a precariedade da locomoção na região, o que dificulta o resgate e o atendimento médico de qualidade.
“A realidade da locomoção na Amazônia é extremamente precária, chega a ser um empecilho para um resgate ou para um atendimento médico de qualidade quando temos a demora para chegar nesses lugares, sabemos que para muitos o meio de se locomover são apenas voadeiras ou canoas” destacou a doutora.
Quando questionada sobre os fatores que contribuem para a falta de assistência adequada aos ribeirinhos, como a dificuldade geográfica para chegar à capital, questões financeiras e desinformação, a médica afirmou que cada um desses fatores pode ser responsável pela ausência de atendimento.
“Acredito que seja um pouco de cada quesito, apesar de o agente de saúde e a equipe de atendimento conseguirem prestar esse atendimento, sabemos o quanto é difícil o deslocamento e a falta de interesse quando se trata de regiões mais afastadas. Infelizmente, vemos que comunidades ribeirinhas só tem atendimento médico (quando têm), a cada 15 dias ou mensalmente, ou só quando há missões de ONGs, Igrejas ou das forças armadas”, lamentou.
As doenças crônicas são as mais prevalentes entre os ribeirinhos, conforme observado pela médica. Hipertensão arterial descompensada e diabetes são os principais problemas de saúde enfrentados, muitas vezes sem controle e com complicações graves.
“A maioria dos atendimentos que temos é de doenças crônicas, tais como; hipertensão arterial descompensada e diabetes, muitas vezes ambas sem controle e com todas as possíveis complicações. Infelizmente a infraestrutura de uma cidade do interior no Amazonas não é tão atrativa para um especialista quanto uma capital ou um interior de grandes cidades. Isso dificulta um pouco, apesar dos incentivos de cada prefeitura para atrair esses profissionais. Ao meu ver, a princípio o que seria bom, era a melhoria do sistema, talvez implementações de mais UBS, um aumento quantitativo da equipe para minimizar os problemas agudos e não torná-los crônicos. Além de implementar maneiras preventivas, seja com palestras, com conversas, mas uma maneira de evitar doenças que vão se agravando com o tempo e o descaso, apesar de cada caso e de cada comunidade ser singular em cada aspecto”, finaliza Larissa Alencar.
As Ongs de assistências, movimentos religiosos, e médicos voluntários como Larissa são de suma importância para aqueles que por alguns desses fatores citados sejam atendidos e recebam um serviço de saúde digno previsto na Constituição Federal no Art.196, onde diz que a saúde é direito de todos e dever do Estado. Garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação
Por Karleandria Araújo