A adoção crescente da energia solar fotovoltaica na produção paranaense de aves foi o principal tema abordado na reunião da Comissão Técnica (CT) de Avicultura da FAEP, nesta sexta-feira (18), por videoconferência. Hoje, mais de 3,9 mil produtores rurais mantêm usinas fotovoltaicas no Estado, aumento de 70% em relação a novembro do ano passado. Avicultores que participaram do encontro falaram da viabilidade econômica dos investimentos. A expectativa é de que ao longo de 2002 o número de projetos implantados aumente ainda mais.
Na reunião, Luiz Eliezer Ferreira, técnico do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema FAEP/SENAR-PR, apresentou o contexto que realça a importância de se investir na geração da própria energia. Ele elencou, por exemplo, o fim de subsídios tarifários previstos por decreto federal, o aumento constante da energia elétrica e o fim da Tarifa Rural Noturna (previsto para o fim deste ano).
Além disso, Ferreira mencionou o Projeto de Lei 14.300/22 – chamado de Marco Legal da Geração Distribuída – que, além de trazer previsibilidade e segurança jurídica aos investimentos, prevê isenções em alguns pontos tarifários para quem enviar seu projeto de instalação de usina de energia renovável até o fim deste ano. A legislação também prevê a possibilidade de os mini ou microgeradores venderem o excedente de energia produzido às concessionárias, por meio de chamadas públicas.
“Todo esse cenário deve provocar uma corrida pela instalação de usinas em propriedades rurais de todo o Estado. É um investimento que se paga em um período curto – de quatro a sete anos, dependendo do caso –, e que o produtor goza dos benefícios por mais de 25 anos, tempo de vida útil dos painéis”, disse Ferreira.
O técnico do DTE também abordou o Paraná Energia Renovável (Renova PR), programa do governo do Estado criado para estimular a implantação de usinas fotovoltaicas e de biogás. Ferreira também mencionou o exemplo do Sistema FAEP/SENAR-PR, que implantou um conjunto de 304 painéis em seu Centro de Treinamento Agropecuário (CTA) de Assis Chateaubriand, no Oeste do Paraná. A usina tem gerado uma economia na conta de energia da entidade de R$ 113 mil por ano.
Bons exemplos
Há ano e meio, o presidente da CT de Avicultura, Diener Gonçalves, instalou um conjunto de painéis fotovoltaicos em sua propriedade. Desde então, ele vem sentindo no bolso a economia na conta de luz, propiciada pelo investimento. “É o melhor negócio que fiz na minha vida”, resumiu. “Temos relatos que produtores estão se desligando da atividade por causa dos custos. De outro lado, além de praticamente eliminar o custo com a energia, tem essa possibilidade de a Copel vir a adquiria a produção”, disse.
Produtores de outras regiões do Paraná, como João Wochner, do Oeste, e Nilton Wendler, dos Campos Gerais, também compartilharam suas experiências com a implantação de energias renováveis. “Estou com a usina há 14 meses. De lá para cá, baixou 90% o custo com a energia. É um investimento que te dá um retorno que não se compara a nenhum outro”, apontou Wochner. “É um benefício que atende a produtores de todos os tamanhos, de acordo com a necessidade. Não é um gasto, é um investimento que diminui os custos. No meu caso, é um conjunto de 40 placas, que nos dá uma economia de R$ 13 mil por ano”, disse Wendler.
Outros temas
A reunião da CT de Avicultura também abordou outros temas de interesse do setor, com a participação de Nicolle Wilsek e Mariani Benites, ambas do DTE, e de Ruan Schwertner, do Departamento Jurídico do Sistema FAEP/SENAR-PR. Em uma das apresentações, Mariani esmiuçou como é feito o levantamento dos custos de produção. Aferido pelo Sistema FAEP/SENAR-PR em oito regiões produtivas junto a avicultores, o estudo tem sido determinante para o setor, fornecendo dados consistentes para subsidiar produtores no gerenciamento da produção.