Quando se fala em projeto social de ajuda a moradores de rua e usuários de drogas, o nome que vem a cabeça é sempre o mesmo: Pai Marcos Bastos. Nascido na cidade de Codajás, Cid Marcos Bastos Reis Maia é um empresário do ramo de automóveis na área do Centro de Manaus e agora colabora na parte social dos moradores de rua e usuários de drogas. Marcos Bastos atua há mais de cinco anos abrigando pessoas em situação de rua dentro da sua própria casa, que acabou virando a sede do Instituto Social Pai Resgatando Vidas (ISPRV).

Resgatando mais de 300 pessoas em vulnerabilidade social, o ISPRV hoje é referência nacional na acolhida de pessoas adictas, muitas delas em situação de rua. O Instituto tem o objetivo de apoiar e desenvolver ações para a defesa, elevação e manutenção da qualidade de vida do ser humano. As ações visam promover o resgate e a acolhida de pessoas em risco e vulnerabilidade social que vivem em condição de rua por uso abusivo de álcool e outras drogas.

Em entrevista exclusiva ao portal Amazônia Press, Marcos Bastos destaca que sempre foi apaixonado por salvar vidas e por ajudar instituições. Por não ser pastor, acreditava que não poderia atuar nesse ramo de trabalho social, mas logo a sua ideia referente a essa atuação mudou e começou a investir nessa ideia.

“Ajudava o Shekinah que ajudava pessoas adictas que estavam em situação de rua e eu aprendi muito com o pastor Geidson, que comandava a instituição. Já era um ajudante daquele projeto há 15 anos, então já venho plantando essa semente há muito tempo. Era um desejo meu, mas achava não cabia isso para mim por não ser um pastor e, do meu ponto de vista, para fazer isso teria que ser um pastor. Eu nunca fui pastor, era um adúltero que andava pelas ruas bebendo, aprontando. Um dia Deus tocou no meu coração e disse: ‘Não, você é um pastor… mas é um pastor diferenciado dos outros. Você vai pegar as ovelhas e chamar outros pastores para ministrar em suas vidas’. É o que eu faço hoje, as minhas portas estão abertas. Nós temos uma igreja na nossa chácara e que qualquer pessoa pode ir lá pregar. As portas sempre estarão abertas”, disse.

Foto: Francisco Araújo

Complementou ainda: “Inclusive também estou me tratando lá. Mudei muito e hoje já não faço mais aquilo que eu fazia. Também fui usuário de droga por um tempo. Dei esse desgosto para a minha família e hoje, graças a Deus, só estou jogando flores na minha mãe. Já cheguei a jogar uma pedras na minha adolescência, mas hoje só dou orgulho para a minha família. Graças a Deus”.

Além disso, Marcos Bastos revelou que a sua atuação no apoio a essas pessoas teve início enquanto ainda estava trabalhando no seu escritório na loja de carros. Pelo Centro ser uma região que abriga diversos moradores de rua, Pai Marcos Bastos sentiu a necessidade de ajudar estas pessoas.

“Essa oportunidade de ajudar o próximo surgiu quando eu vim morar no Centro de Manaus e tive a oportunidade de ficar mais pertinho deles. Sempre que eu tava lá no meu escritório, na minha loja de carro, eles apareciam para pedir alguma coisa e eu comecei a ter a ideia de poder colocá-los para dentro de casa, levava eles pra tomar um banho, trocava de roupa, dava alimentação e os deixava ir embora”, ressaltou.

Até que, em uma situação, um morador de rua identificado como “Irmão” foi chegando direto em sua casa, Marcos Bastos foi gostando dele e resolveu oferecer uma oportunidade para ele. “Pensei: ‘Rapaz, vou dar uma oportunidade para esse morador de rua’. Eu disse: ‘Tu quer uma oportunidade, eu te arrumo um quartinho aqui para ti vir morar comigo, mas não venha me roubar não e nem venha fazer mal para mim pois estou abrindo a porta da minha casa para ti. Aí ele disse: ‘Poxa, se você fizer isso… já estava pensando em me ma**r’. Fui na loja, comprei roupas para ele, arrumei ele bacana, consegui emprego para ele, uma oportunidade de trabalho. Depois ele saiu, arrumei um apartamento para ele, ele casou, conseguiu as coisinhas dele e foi embora”.

Marcos Bastos e a jornalista Fernanda Lopes (Foto: Francisco Araújo)

Após ajudar alguns moradores de rua. Marcos Bastos procurou a Maria Solange Paulino Amorim, mais conhecida como Marina Silva de Manaus, que faz sucesso nas redes sociais quando foi compartilhada pela Rainha do Pop, Madonna, enquanto dançava “Holiday”, um hit da cantora. Foi Marina Silva quem deu o nome “PAI” ao projeto, pois era assim que chamava o Marcos Bastos que sempre a ajudou, mesmo em situação de rua. Hoje, Marina é monitora do Instituto.

“Fui atrás da Marina, pelejei atrás dela e fiz de tudo para conseguir tirá-la desse mundo. Consegui um apartamento para ela e fiquei pedindo, fazendo live com ela. Acredito que foi aí que tudo começou mesmo e foi quando a Madonna nos assistiu e desde aí tudo mudou. As pessoas começaram a me procurar querendo ajuda e a minha casa foi enchendo de gente. Quando fui ver a minha casa já estava com 35 moradores de rua”, pontuou.

O empresário e fundador do Instituto ressalta ainda que, após a publicação de Madonna, teve mais destaque visto que as pessoas começaram a procurá-lo. A repercussão trouxe outros doentes, enfermos, moradores de rua, adictos até a sua residência e assim começou o seu trabalho acolhendo pessoas em vulnerabilidade social, que hoje já conta com 75 acolhidos e pretende aumentar esse número em breve.

“Antes eu que procurava, depois disso as pessoas começaram a me procurar. Outro foi o Thiago que, quando eu abri a porta da minha casa ele estava morrendo bem na frente, com uma febre bem alta e eu o peguei e levei direto ao hospital, de lá o trouxe para casa. A partir daí foram aparecendo outros doentes, enfermos, moradores de rua, adictos e começou o nosso trabalho. Graças a Deus, hoje nós somos o Instituto Social Pai Resgatando Vidas, com 75 acolhidos e vamos aumentar para 100 em breve pois estamos terminando mais um dormitório. Contamos somente com o apoio dos internautas, visto que já somos mais de três milhões de seguidores. São eles que nos ajudam”, destacou.

Nesta terça-feira (26), Marcos Bastos lançou o programa “Bate Papo com Marcos Bastos” que será transmitido todas as terças, às 10h, pelas redes sociais do portal Amazônia Press.