A chegada do verão está preocupando os gestores de cidades turísticas que temem receber um fluxo de visitantes além de sua capacidade depois da melhora na pandemia do novo coronavírus. Em audiência pública da Comissão de Turismo da Câmara dos Deputados, representantes de seis municípios discutiram medidas para controlar o turismo de massa e compensar as cidades pelos custos gerados pelo excesso de turistas. Eles também destacaram a importância de realizar planos de manejo e estudos de capacidade.
O deputado Otávio Leite (PSDB-RJ) mostrou interesse pelas iniciativas de Bombinhas (SC), Arraial do Cabo e Angra dos Reis. Bombinhas cobra uma taxa de preservação ambiental por veículos, independentemente do número de pessoas. Durante a pandemia, Arraial do Cabo emitiu voucher digital para acesso à cidade. Já Angra dos Reis tem uma taxa de acesso que varia de acordo com a quantidade de serviços utilizados no município.
Otávio Leite reconheceu que os municípios precisam de instrumentos para organizar o impacto da atividade turística. No entanto, ele também questionou se as regras disciplinadoras poderiam limitar o direito constitucional de ir e vir. “Não se trata de impedir as pessoas de entrarem, mas uma praia de Arraial do Cabo com limitação de 500 pessoas não pode receber 3 mil”, ponderou.
Angra dos Reis
A assessora da Fundação de Turismo de Angra dos Reis, Kanidayre de Carvalho, explica que a taxa de acesso à cidade é uma forma de conscientizar as pessoas a cuidar do meio ambiente. “Com massa muito grande de visitatnes, podemos perder a qualidade do mar”, comentou. “As pessoas precisam se atentar porque não temos funcionários suficientes para atender os turistas.”
Arraial do Cabo
Tendo o turismo como sua principal atividade, Arraial do Cabo também sofre problemas na alta temporada. A diretora de Planejamento da Secretaria de Turismo de Arraial do Cabo, Nathalia Alirs, lamenta o grande número de embarcações e de ônibus de turismo. “Está em discussão limitarmos o número de veículos para não impactar a economia ou a qualidade de vida dos moradores”, comentou.
Bombinhas
Com 20 mil habitantes, Bombinhas chega a receber até 2 milhões de visitantes no verão. A secretária de Turismo e Desenvolvimento Econômico de Bombinhas, Bianca Seibt, explica que a taxa de preservação ambiental é cobrada na entrada do município. Ela varia de acordo com o tipo de veículo, e é cobrada somente entre 15 de novembro e 15 de abril.
Cabo Frio
Os ônibus de turismo também são vistos como um problema em Cabo Frio, que tem até um estacionamento para esses veículos. “É mais um verão que está chegando e a gente não tem uma regra estabelecida”, lamentou o presidente da Federação de Convention Visitors Bureau do Rio de Janeiro, Marco Navega. Ele reclamou que os ônibus de turismo não respeitam a legislação que exige ter um guia local. “Quem sabe onde a rua dá mão, onde pode parar, é o guia local.”
Petrópolis
O secretário de Turismo de Petrópolis, Samir El Ghaoui, explica que prefere o turismo de qualidade à quantidade. A prefeitura tem buscado dados para minimizar o impacto negativo de grandes eventos. “Estamos mais exigentes com o perfil de eventos na cidade, buscando aqueles que tragam fluxo e renda.”
Teresópolis
O secretário de Turismo de Teresópolis, Mauricio Weichert, defendeu a adoção de um voucher único que centralize as reservas da cidade, com base no estudo de capacidade de carga em cada época do ano. “Museus também precisam de estudo de capacidade de carga, ou então serão danificados”, comentou.
Reportagem – Francisco Brandão
Edição – Geórgia Moraes