O governo chinês lançou o Plano de Ação Nacional para Agricultura Inteligente com o objetivo ambicioso de aumentar a produtividade agrícola e fortalecer a autossuficiência alimentar. Guiados pelo pensamento de Xi Jinping, a principal linha de trabalho é popularizar tecnologias de informação como a internet das coisas, big data, inteligência artificial e robôs para aumentar a produtividade nos campos. Entre as metas estão:
– Criação de uma plataforma nacional de big data agrícola
– Aceleração do uso de algoritmos
– Melhorar agricultura de precisão
– Ter soluções tecnológicas de plantio digital de grão e oleaginosas maduras até 2028
Apesar de ser um dos maiores produtores agrícolas, a China é também grande importadora de alimentos, sendo o principal cliente do agronegócio brasileiro para itens como soja e carne bovina. A estratégia chinesa de reduzir a dependência externa surge em um cenário de crescente tensão geopolítica, onde conflitos comerciais e militares ameaçam a estabilidade dos mercados agrícolas globais.
Para o pesquisador Leandro Gilio, do Insper Agro Global, o impacto imediato no mercado brasileiro é limitado, dado o contínuo aumento da demanda chinesa. “Esse movimento visa à elevação da produtividade, mas revela a necessidade de o Brasil diversificar seus mercados para diminuir riscos de dependência.”
Até 2032, áreas da China que dependem de soja, milho, carne bovina e algodão deverão continuar precisando de fornecedores externos, como o Brasil. Ainda assim, a meta chinesa está clara: usar a tecnologia para otimizar a produção agrícola e reduzir a necessidade de importação. Se bem-sucedida, essa estratégia de agricultura digital pode redesenhar as relações comerciais com o mercado agro brasileiro na próxima década.