O presidente eleito do Chile, Gabriel Boric, apresentou na manhã desta sexta-feira os nomes dos 24 ministros e ministras que integrarão seu governo, cuja posse está marcada para 11 de março.
O Ministério se notabiliza por ser composto por uma maioria de mulheres, que liderarão 14 pastas, e por integrar partidos da centro-esquerda, incluindo o Partido Socialista (PS), da ex-presidente Michele Bachelet, que não faziam parte da coalizão que elegeu Boric.
A integração da centro-esquerda significa que o presidente terá uma nova aliança, e pode ser explicada pela necessidade de apoio no Congresso. A coalizão Aprovo Dignidade, formada pela Frente Ampla, de Boric, e pelo Partido Comunista, terá 37 deputados, de um total de 155, e cinco senadores, entre 43, no Parlamento que também assume em março.
O Ministério da Fazenda ficará com Mario Marcel, membro do Partido Socialista que estava na Presidência do Banco Central.
A indicação de Marcel tem como objetivo dissipar a incerteza quanto à gestão da economia, considerada um dos principais desafios do novo governo, ao lado da ordem pública. A nomeação de Marcel envia um sinal de estabilidade e responsabilidade aos mercados.
Ao mesmo tempo, interlocutores de Boric afirmam que o novo ministro, que se define como social-democrata, está comprometido com uma ideia de transformação baseada na gradualidade e na responsabilidade fiscal, como defende o presidente eleito.
A neta de Salvador Allende, Maya Fernanda Allende, deputada do PS, ocupará a pasta da Defesa, em uma nomeação de alto valor simbólico.
Leia Também
A geração de líderes estudantil que militou com Boric no início de sua trajetória política também ocupará pastas importantes. Giorgio Jackson, principal aliado do presidente eleito, comandará a Secretaria Geral da Presidência, responsável pela relação do Executivo com o Congresso. Já Camila Vallejo, do Partido Comunista, será a porta-voz do presidente, liderando a Secretaria Geral do Governo.
A popular sanitarista Izkia Sichel, que não integrava a política partidária até ser convidada por Boric para se tornar a coordenadora de sua campanha no segundo turno, será a ministra do Interior.
Será a primeira-vez que o ministério, um dos mais importantes do governo, será ocupado por uma mulher. A Chancelaria também ficará sob a liderança de uma mulher, Antonia Urrejola, independente e ex-integrante da Comissão de Direitos Humanos da OEA (Organização de Estados Americanos).
Em cerimônia no jardim do Museu de História Nacional, em Santiago, Boric afirmou que os 24 nomes do Gabinete “representam, de forma simbólica, os 19 milhões de habitantes deste país”, e instruiu a sua equipe a começar seu trabalho dialogando com os membros do governo de Sebastián Piñera, de modo a fazer uma “transferência de poder transparente e impecável”.
“Peço que assumam suas tarefas com o maior empenho e responsabilidade, tendo em mente que todas as pessoas esperam que façamos do Chile um lugar mais amigável e humano para se viver, onde a dignidade se torne um hábito”, disse Boric. “Dialoguem, dialoguem, dialoguem. É somente através do diálogo diário e ouvindo a todos que vamos construir este país mais justo ao qual aspiramos.”