SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A CEO do Kantar Ibope, Melissa Vogel anunciou em nota oficial nesta sexta-feira (3) que está deixando o cargo que ocupava desde 2017.

A saída de Vogel, antecipada pelo portal Na Telinha, coincide com um momento de crise entre as emissoras brasileiras e o instituto que afere os números dos programas da televisão nacional.

Em janeiro deste ano, o Kantar Ibope decidiu reduzir o valor do ponto de audiência para 2024, por conta dos resultados do Censo 2022, que apontou crescimento de 0,52% ao ano na população entre 2010 e 2022, menor número já registrado.

O problema seria que esse tipo de métrica aplicado às televisões e a redução do valor do ponto de audiência coexistem com outras métricas aplicadas ao streaming e à internet -e isso geraria ruídos e perdas financeiras para as TVs tradicionais.

Após essa mudança, a Abert, a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão, e a Abratel, Associação Brasileira de Rádio e Televisão, publicaram uma carta aberta ao mercado publicitário, em que diziam que a decisão unilateral de mudança de métricas de audiência poderia “provocar graves prejuízos ao mercado publicitário e à livre concorrência”.

O entendimento da Abert e da Abratel era que prejudicaria as TVs lineares e privilegiaria plataformas como o YouTube. Integram as associações altos executivos das emissoras de televisão mais tradicionais do país.

“Não é razoável que empresas que tenham interesse nos resultados das medições, aproveitando de seu poder de mercado, definam isoladamente os parâmetros a serem utilizados, escolhendo soluções tendenciosas, que beneficiem suas plataformas, ou criando ferramentas que favoreçam seus negócios. Essas iniciativas unilaterais criariam no mercado falsas percepções sobre a audiência”, segue a carta.

Há décadas, estúdios de cinema lançam dados de público e bilheteria para seus filmes, e emissoras de TV têm a audiência de séries e programas aferida por institutos como o Kantar Ibope Media.

Em dezembro do ano passado, a Netflix tomou a decisão histórica de divulgar seus dados de audiência em relatórios semestrais, depois da falta de transparência do streaming servir de combustível para as greves que tomaram Hollywood.