Viver com uma companheira ou companheiro pode contribuir para que você tenha níveis adequados de açúcar no sangue, independentemente do quão harmoniosa seja a relação, sugere um estudo publicado na revista científica BMJ Open Diabetes Research & Care.
O artigo, assinado por pesquisadores de Luxemburgo e do Canadá, usou dados de biomarcadores de uma amostra de base populacional inglesa de adultos com 50 anos ou mais e seus parceiros. As informações eram coletadas a cada dois anos.
Foram incluídos na pesquisa 3.335 indivíduos entre 50 e 89 anos sem diagnóstico prévio de diabetes no período entre 2004 e 2013.
Todos os participantes fizeram visitas periódicas ao centro de estudo, onde foram realizadas coletas de sangue para medir os níveis glicêmicos deles.
Os voluntários também foram questionados se tinham marido, esposa ou parceiro com quem viviam, além de responderem a perguntas sobre o nível de tensão social e apoio dentro do relacionamento conjugal ou de coabitação.
Em um dos momentos do estudo (2004-2005), 76% deles eram casados ou moravam com alguém.
Foram ponderados outros fatores que podem impactar no diabetes, como idade, renda, emprego, tabagismo, atividade física, depressão e IMC (índice de massa corporal), além da rede de relacionamentos que a pessoa tinha (filho, outra família imediata, amigo, etc.)
Aqueles que passaram por divórcio, por exemplo, experimentaram mudanças significativas nos níveis de HbA1c (hemoglobina glicada), um medidor de glicemia, e também maior chances de diabetes.
Os pesquisadores sustentam a tese em outros estudos que concluíram que a solidão e o isolamento social aumentam os riscos de desenvolver diabetes tipo 2.
Todavia, o estudo foi observacional, e os autores destacam que não é possível estabelecer a relação causal entre casamento e diabetes.
“No geral, nossos resultados sugeriram que os relacionamentos conjugais/coabitantes estavam inversamente relacionados aos níveis de HbA1c, independentemente das dimensões de apoio ou tensão do cônjuge. Da mesma forma, essas relações parecem ter um efeito protetor contra os níveis de HbA1c acima do limiar pré-diabetes”, escreveram os autores.
A perda de relacionamentos, seja por divórcio ou falecimento, é apontada pelos cientistas como algo que pode ser o ponto de partida para abordar os riscos à saúde, “mais especificamente a deterioração glicêmica regulação, associada a transições conjugais em adultos mais velhos”.