O boleto bancário é o segundo meio de pagamento mais utilizado no Brasil, atrás apenas do cartão de crédito. Muitos criminosos se aproveitam da situação para aplicar golpes.
Fraudes com boletos falsos têm aumentado no país. Os bandidos enviam contas falsas aos clientes, como se fossem operadoras de saúde, por exemplo, e o consumidor acostumado a receber a cobrança por e-mail acaba caindo no golpe. Pensando nisso, a Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge) está lançando uma cartilha com os principais cuidados que o beneficiário precisa ter para não cair nesse tipo de fraude, como ressalta o superintendente executivo da entidade, Marcos Novaes: “Boletos das empresas prestadoras de serviço, aqueles continuados, que a gente paga todos os meses, acabam sendo os mais utilizados por esses fraudadores, porque a gente já está acostumado a pagá-los e, aí, eventualmente, chega por um meio digital ou físico e, as pessoas fazem esse pagamento quase que naturalmente”.
Entre outros pontos, a cartilha da Abramge alerta que os criminosos enviam um boleto com todas as características de um boleto verdadeiro da operadora, mas, quando o pagamento é feito, o dinheiro vai para o bolso do fraudador. A dica é prestar atenção nas caracterizações do boleto.
O documento verdadeiro sempre terá elementos que ajudam a comprovar a autenticidade da cobrança, como o nome da empresa emissora, o banco e o código da instituição, o número da conta do beneficiário, e o valor do boleto. “Verificar de fato quem é o recebedor do boleto, buscar saber quem foi o remetente que enviou o boleto. E, qualquer dúvida, grande ou pequena, entrar em contato com a operadora. Para evitar pagar um boleto fraudado, todo contato faz sentido”, diz Novaes.
A atenção redobrada do cliente para qualquer tipo de irregularidade no boleto é importância, mas, apesar disso, especialistas ressaltam que as empresas operadoras de saúde invistam especialmente em cuidado com proteção de dados, para que não haja vazamentos. A advogada especialista em direito do consumidor Renata Abalém explica que, na maioria dos casos, os criminosos conseguem enviar as cobranças falsas por terem acesso aos dados dos clientes que foram vazados. “Quando a gente fala de uma organização criminosa que se presta a fazer isso, ela já tem os dados do beneficiário do plano de saúde, já sabe idade, já sabe o que consumidor tem, inclusive doenças pré-existentes.
O bandido sabe disso por vazamento de informações. Eu entendo que o gancho da situação é lá atrás. Cabe ao consumidor ser gerente do dado dele. A partir do momento em que ele dá a informação à operadora de saúde, ela é obrigada a cuidar, guardar, manusear. Nós temos uma lei, que é a Lei Geral de Proteção de dados que faz isso conosco”, diz.
Abalém ainda lembra que é possível se proteger e agir no caso de ser vítima de um golpe. “Assim que a pessoa perceber ou receber uma cobrança novamente daquele valor que está em aberto, ela tem que entrar em contato com a operadora. E, sabendo que ela foi vítima de um golpe, ela deve entrar em contato com as delegacias especializadas no consumidor, o Procon, ela tem que botar a boca no trobone”, pontua a advogada.