O Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que as eleições provocarão um ano turbulento, no entanto, ele avisa que o mercado está “totalmente preparado”, pois “um governo que representava um risco de medidas mais extremas está se movendo para o centro”. A análise foi feita em entrevista à GloboNews.
Segundo ele, os preços dos ativos demonstram não haver volatilidade com motivação eleitoral. Até mesmo um eventual retorno do ex-presidente Lula à Presidência não provoca temores na Bolsa de Valores.
“O que a gente pode comentar é o que a gente captura dos preços de mercado. E nos preços de mercado o que tem acontecido mais recentemente é uma eliminação de vários preços que mostram o risco da passagem de um governo para outro. Mais recentemente, a gente vê, quando olha esses preços, é que eles atenuaram. Caíram um pouco. Significa que o mercado passou a ser menos receoso da passagem de um governo para outro. Isso é o que a gente pode interpretar. Porque provavelmente um governo que representava um risco de cauda, com medidas mais extremas, está se movimentando para o centro. Essa é a nossa interpretação do que a gente captura de preços de mercado. Lembrando que o Banco Central ganhou a posição de autonomia exatamente para ter independência entre o ciclo político e os ciclos de política monetária. Não cabe fazer comentários sobre o que seria cada candidato. Então na nossa interpretação, olhando os preços de mercado, ele removeu um pouco o risco da passagem de um governo para outro. Mas na nossa interpretação é muito cedo ainda, muitas coisas devem acontecer ainda ao longo do processo eleitoral”, disse.
Campos Neto também elogiou a autonomia do BC, conquistada durante a gestão do presidente Jair Bolsonaro. A medida institui mandato para a autoridade máxima da instituição, com possibilidade de reeleição.
“Primeiro quero deixar claro que fico até o fim do mandato. Farei tudo que estiver ao meu alcance para isso, exatamente para a gente ter certeza de que solidificou a representatividade que o Banco Central ganhou exatamente para atravessar o ciclo político com autonomia. Isso é bom para este governo e qualquer governo que venha. Segundo, é preciso dizer que a autonomia foi feita por este governo. É importante reconhecer isso. Este governo finalizou esse processo, dando os devidos créditos ao poder legislativo. E nesse processo o governo abre mão de poder.”
Apesar do ministro Paulo Guedes ressaltar bons números da Economia, o Banco Central se mantém receoso quanto ao risco fiscal. Sobre as contas públicas, o presidente do BC disse:
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“Essa é a pergunta que está no centro de todos os debates dos economistas. Houve um efeito parcial da inflação no fiscal, mas só parcial. Houve mudanças estruturais que permitiram que as contas melhorassem. Quando nós falamos que piorou é olhando o longo prazo, e o que está afetando o longo prazo é o baixo crescimento.”
Como principal alvo para retomar o crescimento, Campos Neto apontou o controle da inflação, mesmo que isso dependa de uma curva de juros mais acentuada.
“A população anseia por crescimento que seja sustentável e inclusivo”