Ainda é cedo para saber quais são os temas que vão pautar a próxima campanha eleitoral para a escolha de prefeitos em 2024. Aqui em São Paulo, entretanto, um deles, a Cracolândia, já tem cadeira cativa nesse debate, seja para quem prometeu dar-lhe uma solução e não conseguiu ou para quem pedirá votos garantindo que poderá solucioná-lo, desafiará as campanhas. Por isso, enquanto a oposição se prepara para cobrar as ações prometidas em pleitos anteriores, na Prefeitura cresce a ideia de que Ricardo Nunes (MDB) deve fazer um chamado à sociedade, aos governos estadual e federal, tentando mostrar que está na hora de parar de criticar e ajudar a resolver uma situação que se tornou dramática e, aparentemente, sem solução.
O objetivo do chamado seria o de dividir responsabilidades, pois o tráfico de drogas exige um forte trabalho sobretudo do governo estadual. Já o governo federal pode contribuir com investigações sobre grupos criminosos, combate ao tráfico e ao crime organizado e políticas públicas que amenizem o sofrimento e tratem os usuários de drogas.
Essa proposta estaria embasada em pesquisas qualitativas mostrando que são praticamente iguais os percentuais de paulistanos que responsabilizam os governos municipal (27,8%), estadual (28,4%) e a sociedade (22,1%), pela falta de qualquer perspectiva de solução para a cracolândia.
Para quem já pensa na campanha do ano que vem, o primeiro passo seria o de admitir que não existe nenhuma solução simples ou fácil que possa livrar São Paulo do macabro troféu de “cidade da cracolândia”. E o prefeito da cidade, seja ele quem for, terá que encarar de frente esse problema. Afinal, há mais de vinte anos que promessas vão e voltam e a situação só se agrava.
Os debates devem se dar em torno das propostas que até agora não chegaram a lugar algum, como, por exemplo, a ideia da internação compulsória. Assessores próximos de Nunes creem que dificilmente o problema será solucionado sem a internação dos usuários de drogas, em especial àqueles que já sem encontram em alto nível de comprometimento. Nesse sentido, argumentam que essas pessoas já chegaram a tal estágio de alienação que não têm condições de decidirem seu destino. Para quem pensa diferente, entretanto, a internação compulsória será apenas mais um ato de violência contra as pessoas que já sofreram e sofrem com o uso das drogas.
A situação se agravou com o uso da K9 – conhecida como maconha sintética – cujos efeitos ajudaram a transformar a população usuária da droga em verdadeiros zumbis que perambulam pelos pontos centrais da cidade, transformando cartões postais, como a Praça da Sé, em lugares degradados e sem perspectiva de voltar a ser pontos turísticos.
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