Caio Borralho, 29 anos, faz neste sábado sua segunda apresentação no UFC. De quebra, será sua segunda co-luta principal, um lugar de destaque proporcionado pela organização. Antes de enfrentar o armênio Armen Petrosyan em Las Vegas, duelo válido pelo peso-médio (até 84kg), o lutador conversou através de chamada de vídeo com a reportagem do Combate, e dentro tantos assuntos afirmou que entende merecer o lugar que o UFC o tem colocado desde que foi contratado via Contender Series.
– Isso prova que o UFC quer ver mais de mim. Isso prova também que o UFC sabe que os fãs querem me ver mais também. Estou muito feliz por estar nessa posição mais uma vez. Mas, para ser bem sincero, acho que é isso que eu mereço. Tenho muito isso na cabeça do meu merecimento, de tudo que passei na minha carreira, dos oito anos que fiquei longe da minha família para seguir esse sonho e chegar no UFC. Então nada mais justo do que eu estar nos holofotes.
Diferente do camp para a estreia, quando teve uma lesão que o deixou sem treinar por dez dias próximo da luta, dessa vez a preparação de Caio foi sem percalços na The Fighting Nerds, em São Paulo. Hoje dono de um cartel com 11 vitórias, uma derrota e um “no contest”, o brasileiro vai enfrentar um adversário que também vem de estreia com vitória no UFC. Petrosyan venceu o brasileiro Gregory Robocop numa decisão dividida.
– O Armen é um cara muito perigoso em pé. Das sete vitórias dele, seis são por nocaute. Ele é campeão mundial de kickboxing, é um cara que tem seus perigos, a gente não pode deixá-lo de lado. Ele tem poder de nocaute, mas é unidimensional. Não vai ser um cara fácil, mas vai ser mais fácil de ler o que ele vai fazer, porque a única coisa que ele pode fazer é chutar e socar. Ele não vai entrar em queda, não vai querer fazer jiu-jítsu, não vai querer trabalhar o corpo a corpo comigo – analisou Borralho.
– Acho que é com isso que ele está preocupado, além de eu conseguir fazer tudo isso, ele viu que eu posso trocar porrada. Não vou ser mais um dos adversários dele, como todos que ele enfrentou, que quis só botá-lo para o chão. O cara que quis trocar com ele o nocauteou. E eu vou ser esse cara, vou mostrar para ele minha luta em pé, vou fazê-lo se frustrar em pé como fiz o Gadzhi se frustrar no chão. Com certeza vou tomar sempre o melhor caminho, na hora certa vou usar o jiu-jítsu, na hora certa usar o wrestling, na hora certa fazer o que tem que ser feito – complementou.
De fato, Caio Borralho vem de uma vitória onde dominou a luta no chão contra o russo Gadzhi Omargadzhiev, além de impor a primeira derrota ao adversário no estilo de luta onde ele é mais forte. Mas tudo quase deu errado por conta de uma joelhada ilegal na cabeça. A luta foi interrompida no minuto final do terceiro round, o brasileiro perdeu um ponto, mas àquela altura o árbitro decidiu levar em conta o resultado de momento, o que fez Caio vencer num triplo por 29-27. O lutador garante ter aprendido a lição.
– Definitivamente, vou prestar mais atenção, mas já é uma página virada. Foi sem intenção, e fiz uma grande apresentação. Não vai ser aquele um minutinho faltando no final que vai apagar tudo que eu fiz. Sei da minha qualidade, sei da qualidade do adversário que dominei por três rounds, o cara é campeão mundial de sambô e dominei ele na área dele. Ele era invicto e eu dei a primeira derrota da carreira dele, então eu estou bem tranquilo com relação a isso. Não fiquei me cobrando muito não. Claro, vou prestar mais atenção e vou estar sempre mais atento, mas ele também deu uma valorizada lá, então é muito mais dele com ele do que comigo. Vou estar pronto para não fazer nenhuma besteira no minuto final. Se chegar no minuto final (risos).
– A maior mudança foi o reconhecimento. Na minha cidade, se eu sair na rua vou tirar milhões de fotos. Em qualquer lugar que eu vou em São Luís do Maranhão a galera tem muito carinho, se sente representada. Senti bem essa energia de todo mundo (…). Mudou também de eu estar bem em paz comigo mesmo. Antes de a gente chegar no UFC, a gente tem o sonho de chegar no UFC e a gente fica com aquilo na cabeça o tempo inteiro. Logo depois que eu assinei e depois da vitória na estreia fiquei muito em paz comigo mesmo, sentindo muito orgulho de mim mesmo. Isso é um sentimento que é impagável (…). E não preciso ficar dando aula de personal e nem nada do tipo. Tenho minha equipe de jiu-jitsu que sou o professor, amo dar aula de jiu-jítsu, então continuei com isso. Agora em camp coloquei um aluno graduado para dar aula por mim. Mas a única coisa que mudou foi isso, eu consigo viver mais do esporte, consigo estar melhor sem precisar ficar dando um monte de aula durante o dia e me concentrar só em treinar, descansar e comer.
Caio Borralho fará neste sábado sua quarta luta em dez meses. Ele lutou no Contender Series em setembro e outubro de 2021 e venceu as duas vezes, mas só na segunda oportunidade conseguiu o contrato. Seis meses depois, em abril deste ano, estreou no UFC. E menos de três meses depois já faz sua segunda luta na organização. Para esse ano, Caio quer talvez só mais uma luta.
– Gosto de pensar só no presente, estou pensando só no Armen, em ganhar dele nesse final de semana. Tenho alguns nomes para chamar, mas vou deixar isso para frente. Estou focado no presente, não fico pensando muito no futuro. Óbvio que tenho o plano de fazer mais uma luta até o final do ano, talvez um card no Brasil com a galera toda me apoiando. Meu plano por alto é fazer mais uma luta até o final do ano, descansar um pouco, viajar com a minha mulher, ver minha família um pouco mais, estar mais perto deles. E estou pronto, quarta luta em dez meses e vamos para a quarta vitória, se Deus quiser.
Fonte: Combate