Na COP 29, que teve início em Baku, Azerbaijão, o Brasil assume uma postura que mescla ambição e cautela. Com uma delegação robusta liderada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, o país tem como foco ampliar o financiamento climático e fortalecer sua posição no mercado global de carbono. Ao mesmo tempo, internamente, o Ministério do Meio Ambiente reforça a necessidade de adaptação das metas nacionais para que contemplem as realidades socioeconômicas e regionais. O debate sobre financiamento climático ocupa o centro das discussões iniciais desta conferência, em que países em desenvolvimento como o Brasil pressionam para que as nações mais ricas cumpram suas promessas de investimentos substanciais. Para o Brasil, a definição de um novo patamar de repasses financeiros é não só um compromisso ético, mas também um alicerce essencial para garantir que países como o nosso consigam viabilizar a transição energética sem comprometer o crescimento econômico.
A delegação brasileira, ao mesmo tempo, enfrenta o desafio de reforçar a ideia de um mercado de carbono estruturado e funcional. O Brasil aposta que um sistema sólido e transparente de créditos de carbono poderá impulsionar a proteção de biomas e abrir portas para o desenvolvimento sustentável em grande escala, onde a preservação da Amazônia, por exemplo, representa um ativo econômico e ambiental crucial. O país, contudo, tem uma abordagem dupla, buscando metas mais exigentes que respeitem a necessidade de flexibilidade para ajustes conforme a evolução de seus cenários econômicos. Esse ponto foi levantado pelo Ministério do Meio Ambiente, que destacou a importância de conciliar compromissos internacionais com a capacidade de adaptação nacional. A preocupação com a sustentabilidade vai além de um simples compromisso com metas; trata-se de encontrar um equilíbrio que permita ao Brasil expandir suas políticas internas de preservação e desenvolvimento.
A expectativa de uma COP 29 marcada por debates densos e negociações estratégicas destaca a importância da presença brasileira, que visa não só pressionar por financiamento climático, mas também consolidar-se como liderança no mercado de carbono, atraindo novos investimentos para projetos ambientais. No entanto, o país encara um cenário global polarizado, onde conciliar interesses de grandes emissores com a realidade de países em desenvolvimento será um desafio significativo.
Com a primeira rodada de discussões iniciada em Baku, o Brasil avança com a proposta de redefinir seu papel no cenário internacional, reforçando a urgência de ações concretas, mas flexíveis. A COP 29 se configura, assim, como um espaço onde o Brasil tenta balancear responsabilidade ambiental com crescimento econômico, colocando-se como ator estratégico e promotor de uma agenda que conecta economia e sustentabilidade.