Se há uma coisa que os parisienses querem que os turistas saibam antes que milhões de pessoas viajem à Paris, a cidade das Olimpíadas, na França, é uma palavra simples de sete letras: “Bonjour” – a chave para ser bem tratado na França, dizem os especialistas.
Saber como dizer “olá” em francês pode parecer óbvio, mas os especialistas dizem que esse é o primeiro passo para causar uma boa impressão. Veja o que diz uma ex-patriada dos Estados Unidos que morou lá.
“Se você vai para a França e não começa todas as suas interações com ‘bonjour’, pode estar prestes a ter uma pequena surpresa desagradável”, diz Elisabeth Guenette, que regularmente compartilha dicas de idiomas e insights culturais de seu tempo ensinando tanto na França quanto nos EUA com seus mais de 150 mil seguidores nas redes sociais.
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Os locais apoiam essa ideia. Pedir ajuda? Enquanto “com licença” pode ser uma maneira aceitável de chamar a atenção de alguém nos EUA, na França seria considerado rude.
“Começar com ‘bonjour’ já mudará drasticamente a sua experiência”, diz Guenette. “Essa é a regra número 1.”
Essa regra se aplica, quer você esteja fazendo check-in em um hotel, comprando uma baguete ou fazendo uma reserva em um restaurante, diz a Condessa Marie de Tilly, uma coach de etiqueta francesa cujos clientes incluem marcas como Chanel e Cartier.
“Se você não disser ‘bonjour’, [a equipe do restaurante] não se esforçará muito para reservar uma mesa para você. É a chave”, explica Tilly.
Guenette diz que a mesma expectativa se aplica se você simplesmente entrar em uma loja, mesmo que esteja apenas casualmente olhando souvenirs e não necessariamente procurando ajuda dos funcionários.
“Essa é uma diferença com a cultura americana”, diz Guenette. Na França, “qualquer loja onde você entrar e puder ver as pessoas que trabalham lá, você precisa cumprimentá-las.”
As diferenças não param por aí. Aqui está o que mais você precisa saber para evitar grandes gafes na França.
Francês básico
Assim como “bonjour” é uma palavra essencial para começar uma conversa, saber como se despedir também é importante: “au revoir”. Se quiser variar, também pode dizer “bonne journée” (tenha um bom dia) ou “bonne soirée” (tenha uma boa noite).
Falar algumas palavras em francês pode fazer uma grande diferença, diz Guenette. “Saber um pouco de francês para começar conversas mostra que você está respeitando a cultura deles”, ela diz.
Três palavras que ela sugere aprender: “Parlez-vous anglais?” (você fala inglês?).
“Eles provavelmente falarão inglês”, ela diz, mas é importante não presumir. Esteja disposto a tentar falar francês, mesmo que possa cometer um erro, diz Marie de Tilly.
“É exatamente o mesmo quando vou para os EUA… Posso tentar falar inglês”, ela diz. Então, se você está disposto a tentar falar francês, aqui estão mais alguns termos para saber:
S’il vous plaît: Por favor
Merci: Obrigado
Pardon/Excusez-moi: Com licença
Não se trata de pronúncia perfeita, mas sim de mostrar respeito pelo país que você está visitando, diz Tilly. “As pessoas querem ver que você está fazendo um esforço.”
Cultura do café
Em um país renomado por sua culinária, “as refeições são sagradas”, diz Guenette. Enquanto dedicar 15 ou 20 minutos para comer uma refeição rápida é bastante comum nos EUA, isso não é típico na França, onde historicamente é ilegal almoçar na sua mesa de trabalho.
Em vez disso, os trabalhadores frequentemente aproveitam a “formule du jour”, uma refeição de dois ou três pratos anunciada em lousas do lado de fora de inúmeros bistrôs parisienses.
“As refeições são um momento precioso, e elas levam tempo”, explica Guenette. Sua refeição “vai levar mais de meia hora e eles não vão apressar as coisas para você.”
O serviço também é diferente na França, diz Guenette. “O garçom não vai vir regularmente à sua mesa” para perguntar se está tudo bem.
“Você precisa fazer muito contato visual ou sinalizar para eles para que saibam que você quer que eles venham até você”, ela diz.
A cultura de gorjetas da França reflete isso: são apreciadas, mas não costumam ser esperadas. “Não há motivação adicional para eles conquistarem você”, diz Guenette. “Eles esperam ser tratados como pessoas, e vão te tratar como pessoa.”
Se tiver tempo para sentar e desfrutar de uma refeição, Guenette recomenda comer em um dos icônicos cafés de calçada de Paris. A menos que uma mesa tenha um sinal de reservado ou já tenha talheres sobre ela, na maioria dos casos, você pode se sentar sozinho. Caso contrário, você deve entrar e pedir uma mesa ao staff, diz Guenette.
“E sim, você se senta ao lado um do outro”, ela explica. Ao contrário de sentar-se de frente para o seu companheiro, todos podem olhar para a rua e participar de outro passatempo tipicamente parisiense: observar as pessoas.
“Isso é algo que sempre recomendo quando as pessoas vão para a França: apenas sentem-se e relaxem”, diz ela. “Mesmo que você não tenha muito tempo, reserve uma hora porque essa é a verdadeira experiência francesa.”
Durante as Olimpíadas, conseguir uma reserva cobiçada provavelmente será um pouco mais complicado. Como as multidões de turistas serão ainda maiores do que o habitual neste verão, Marie de Tilly recomenda reservar uma mesa com antecedência se houver um restaurante específico ou bar no terraço que você deseja visitar.
Tilly também pontua que os horários das refeições, entre os EUA e a França, são diferentes: o jantar no país sede das Olímpiadas geralmente não começa antes das 19h.
Etiqueta na mesa
Como coach de etiqueta, observar outras pessoas é uma grande parte do trabalho Tilly – e há uma tendência que a preocupa.
“Fico muito surpresa ao ver jovens estrangeiros que não sabem como usar garfo e faca”, ela diz. “Quando você vai a um bom restaurante em Paris, é horrível ver isso.”
É importante ter conhecimento básico da cultura local e suas tradições, diz Tilly – como o fato de que alimentos que você pode estar acostumado a comer com as mãos, como hambúrgueres e pizza, são comumente comidos com garfo e faca na França.
Se você não quer atrair atenção indesejada em um restaurante, há mais algumas coisas que pode tentar.
Primeiro, evite falar muito alto. “Todo país que você visita terá um padrão diferente de volume para conversas”, diz Guenette. “A França definitivamente está no extremo inferior.”
Se você falar muito alto em um lugar público, seja em um restaurante, museu ou no metrô, “você receberá olhares”, ela diz.
Guennette aprendeu isso da maneira mais difícil anos atrás, quando estava em um jantar barulhento com colegas professores dos EUA e do Reino Unido.
“De repente, ouvimos ‘clink clink clink’”, vindo de outra mesa, ela lembra, como se fosse um brinde de champanhe. Em vez disso, o que ouviram no silêncio que se seguiu foi um suspiro audível de alívio de uma francesa do outro lado do restaurante.
“Fiquei constrangida”, diz Guenette. “Estou na ‘casa’ de outra pessoa, na cultura de outra pessoa, e há coisas que posso fazer para mostrar respeito pelo fato de que isso não me pertence”.
Mais uma maneira de mostrar seu respeito: se você estiver usando um chapéu, tire-o antes de entrar, diz Guenette. “Historicamente, os Estados Unidos também eram assim, mas os tempos mudaram”, ela aponta.
Companhia educada
Expressar curiosidade é uma maneira simples de mostrar respeito pela cultura do país que você está visitando, especialmente como um visitante de primeira viagem, diz Marie de Tilly.
“É muito importante fazer algumas perguntas… para mostrar respeito e demonstrar seu interesse”, diz Tilly. “O que é muito importante e elegante é perguntar às pessoas quais são as tradições.”
Mesmo que você tenha um itinerário totalmente planejado para sua viagem ou tenha uma ideia de qual vinho deseja pedir no jantar, não tenha medo de pedir conselhos aos moradores. Você pode acabar descobrindo um museu fora do circuito turístico ou uma nova combinação de vinhos favorita.
Perguntas pessoais, no entanto, são mal vistas – mesmo aquelas que podem parecer normais em seu país de origem. “Se você estiver à minha mesa, por exemplo, e formos convidados para o mesmo jantar, eu não perguntarei pela primeira vez: ‘Você é casado? Você tem filhos?’”, diz Tilly.
Da mesma forma, você não deve ir direto para o clássico beijo na bochecha se estiver conhecendo alguém pela primeira vez, diz Guenette. Isso é reservado para amigos e amigos de amigos. Se você não conhece alguém pessoalmente, diga “Enchanté” (prazer em conhecê-lo, em tradução livre) e se apresente.
“Definitivamente, não vá a um restaurante e cumprimente o garçom com um beijo no rosto”, ela diz. “Isso seria muito inapropriado.”
Também é inapropriado discutir política à mesa – especialmente após as recentes eleições do país. “É um assunto delicado porque há dois extremos, a direita e a esquerda”, diz Tilly.
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Como não chamar atenção?
Se você não quer chamar atenção, aqui estão mais algumas coisas para ter em mente.
Quando estiver pegando o metrô para se deslocar pela cidade, guarde seu bilhete como prova de compra até sair da estação de metrô no seu destino, diz Guenette.
Se você o perder, pode ser responsável por uma grande multa. De acordo com o site oficial de transporte público de Paris, ser pego sem o bilhete de metrô pode custar até 100 euros (R$ 611), além do que você já pagou inicialmente.
Se você quiser facilitar as coisas, passes de metrô também estão disponíveis para compra e podem economizar dinheiro. Em seguida, comer em movimento não é amplamente aceito. “Você vai chamar atenção”, diz Guenette.
Portanto, se você comprar um sanduíche caseiro em uma barraca de comida em um dos mercados de Paris, resista à tentação de comer enquanto caminha para o seu próximo destino. Em vez disso, encontre um lugar para sentar longe das movimentadas calçadas da cidade – por exemplo, um banco no tranquilo Square du Temple – Elie Wiesel, as colinas do Parc des Buttes-Chaumont ou as margens do Canal Saint-Martin.
O mesmo vale para carregar uma grande garrafa de água. “Não é comum”, diz Guenette. “E geralmente são os turistas” que fazem isso.
Se destacar não precisa ser, necessariamente, algo ruim, diz Guenette. “Faça o que quiser, apenas esteja ciente de que, se você fizer isso, as pessoas saberão que você é um turista”, ela diz. “E às vezes, quem se importa?”
Os franceses são realmente rudes?
Nascida em uma das famílias mais antigas da aristocracia francesa, Tilly é uma especialista em savoir-vivre, ou boas maneiras. Pela própria definição, isso significa entender como coexistir com as pessoas ao seu redor, não importa quão diferentes ou semelhantes sejam – e ela fez disso sua missão: ensinar tanto estrangeiros quanto franceses a se relacionarem.
Para Tilly, a etiqueta é muito mais do que dizer “por favor” e “obrigado”. Uma de suas áreas de especialização é treinar funcionários de marcas de luxo sobre como receber clientes em suas lojas.
“Quando você entra pela primeira vez na Chanel, mesmo que não tenha dinheiro… você tem o direito a uma boa recepção”, diz ela.
No mesmo espírito, Tilly diz esperar que os franceses recebam bem os turistas que vêm à cidade para as Olimpíadas, mesmo que os moradores tenham reclamado quando Paris foi escolhida para sediar os Jogos.
“Dissemos que poderia ser terrível para o trânsito”, ela diz. “Estou morando no centro de Paris, e você não pode imaginar a bagunça.”
Agora, ela diz que os parisienses veem que sua cidade está pronta para estar nos holofotes. Ela até procura ingressos para ir aos jogos.
“Espero de todo o coração que seja um sucesso”, ela diz. “Precisamos disso agora porque o estado de espírito dos franceses está muito difícil por causa da questão política.”
Na experiência de Guenette, o estereótipo do parisiense rude é um exagero.
“Muito disso se resume a não ter uma compreensão social comum das expectativas de cortesia”, ela diz. “Se você puder entrar nessas situações entendendo quais são as expectativas deles, as pessoas estarão muito mais dispostas a interagir com você.”
Ela ressalta que a maioria das pessoas não gosta de grosseria, não importa de onde você seja. “Se eles sentem que você está sendo rude com eles, faz sentido que eles então retribuam de alguma forma”, ela diz.
Em última análise, Tilly diz que os franceses tem orgulho de sua cultura – e esse orgulho, às vezes, pode ser interpretado como arrogância.
“Os franceses amam seu modo de vida”, ela diz. “E acho muito importante que as pessoas venham à França para ver isso.”
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