O presidente da União Brasil, Luciano Bivar, confirmou nesta quarta-feira (4) que o partido terá uma chapa puro-sangue, com um candidato a vice do mesmo partido, para disputar a Presidência da República, enfraquecendo ainda mais o grupo de legendas da chamada terceira via.
Bivar é o pré-candidato à Presidência da sigla. “Esperamos até o último momento para fazer uma coligação com outros partidos. Entretanto, os outros partidos não tiveram a mesma unidade que tem o União Brasil. Em função disso, não restou a nós uma única alternativa do que sairmos com uma chapa pura”, diz Bivar em vídeo divulgado nesta quarta.
Inicialmente, a União Brasil discutia com PSDB e MDB a hipótese de as siglas se unirem em torno de um só nome para tentar romper a polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL).
O pré-candidato do PSDB é o ex-governador paulista João Doria e o do MDB, a senadora Simone Tebet (MDB).
Os partidos haviam estabelecido o dia 18 de maio como o prazo final para bater martelo a respeito da candidatura, mas sem definir os critérios mínimos para a escolha de um representante.
Irritado com a demora da decisão, Bivar já havia indicado na semana passada que iria romper com o grupo com a promessa de resolver nesta quarta o futuro da sigla que preside.
“Por que uma chapa pura? Porque a gente não aceita. Eu me recuso a aceitar os extremos que estão aí estabelecidos. Então, é por isso que a União Brasil segue em frente para essa candidatura para, definitivamente, em outubro desse ano, nós nos candidatarmos e sermos eleitos presidente desse país”, continua o pré-candidato.
“Conto com vocês e espero que vocês entendam o sentimento que passa, não só em mim, mas em todo o povo brasileiro em busca dessa alternativa.”
A União Brasil detém o maior fundo eleitoral e tempo de televisão entre as siglas e por isso o apoio da legenda era cobiçado pelos demais.
Desde os sinais dados por Bivar na semana passada, porém, dirigentes de PSDB e MDB não contavam mais com a sigla nas conversas em torno de uma candidatura única, possibilidade que tem se mostrado cada vez mais remota.
Embora dentro da União Brasil ninguém discorde de Bivar se lançar neste momento como pré-candidato, o partido está dividido.
Na ala oriunda do DEM, que se fundiu ao PSL para formar a União Brasil, há quem defenda que aguardar e avaliar em junho se lançar o presidente da sigla é a estratégia mais acertada. A divulgação do vídeo de Bivar nesta quarta não foi combinada com a executiva do partido, mas sim uma decisão do próprio presidente da legenda.
A avaliação no grupo formado por ex-integrantes do DEM é que é preciso esperar até junho para tomar uma decisão definitiva. Se Bivar tiver em torno de 1% às vésperas do início da campanha eleitoral, o melhor é o partido ou ficar neutro ou discutir o apoio a outro nome que não seja Lula ou Bolsonaro caso haja alguém bem posicionado.
Se Ciro Gomes (PDT) pontuar cerca de 15% em meados do ano, exemplificam lideranças da União Brasil, a legenda poderia debater o apoio a ele.
Hoje, a aposta no partido é que MDB e PSDB não conseguirão chegar a um consenso até 18 de maio e ambos manterão as pré-candidaturas de Tebet e Doria, respectivamente. Esta também é a percepção de emedebistas e tucanos graúdos.
Diante do cenário, defendem integrantes da União, o ideal é aguardar para ver o desempenho de cada pré-candidato, inclusive Bivar.
Esta ala mais cética diz que caso o presidente da União Brasil se viabilize, a melhor escolha seria uma mulher para formar a chapa com o presidente do partido.
A presença feminina não só poderia ajudar a ampliar o leque de apoiadores de Bivar, mas, sobretudo, ajudaria a cumprir a obrigatoriedade que o partido tem de gastar 30% do fundo eleitoral nacional com candidaturas de mulheres.
Nesta quarta, a executiva do MDB reuniu-se para debater uma pesquisa qualitativa a respeito da candidatura de Simone Tebet.
Segundo o presidente do MDB, Baleia Rossi (SP), o levantamento aponta que a senadora tem espaço para crescer, mas precisa ser mais conhecida.
O estudo foi feito com eleitores que querem um nome alternativo a Lula e Bolsonaro e outro grupo que vota em um dos polos, mas admite escolher outra candidatura.
“O fato de a Simone ser mulher chama atenção. Os eleitores, de maneira geral, viram com simpatia e foram buscar mais informações sobre ela. Não é que ser mulher define voto, mas é um atrativo grande. Os eleitores, de maneira geral, buscam uma candidatura que seja novidade, mas tenha experiência política”, diz o presidente do MDB.
O emedebista diz que a estratégia é intensificar as viagens e compromissos de Tebet para que ela se torne mais conhecida.
Em outra ponta, o ex-governador João Doria (PSDB-SP) foi convidado para um jantar nesta quarta com a bancada do PSDB na Câmara.
Parte dos tucanos defendem que Doria abra mão da candidatura e que o PSDB não tenha um nome próprio para disputar a Presidência. Doria e seu grupo, porém, resistem a ceder.
Fonte: Noticias ao Minuto