O filme da Barbie, de Greta Gerwig, estourou as bilheterias do mundo todo, agradou, decepcionou e fez centenas de milhares de pessoas se deslocarem ao cinema apenas para tirar suas próprias conclusões na discussão. No entanto, a trama foi proibida em mais um país: dessa vez, no Líbano. Tudo por causa da acusação de que o longa “promove a homossexualidade”.
Por mais absurdo que esse acontecimento pareça, a verdade é que, para o governo libanês, “Barbie” fere a moral religiosa do país. O ministro da Cultura, Mohammed Mortada, é apoiado pelo grupo armado xiita Hezbullah, que possui muito poder e influência. O chefe da organização reforçou a homofobia ao citar pedaços de textos religiosos que afirmam que pessoas LGBTQIAPN+ devem ser punidas com a morte.
Como se não bastasse tamanho discurso de ódio contra os direitos humanos, Mohammed também afirma que o filme da Barbie influencia na “transformação sexual” e “contradiz os valores morais e de fé“, pois “diminui a unidade familiar“. Após a declaração do ministro Mortada, o ministro do Interior, Bassam Mawlawi, intimou o comitê de censura para que revisasse o filme e estabelecesse sua recomendação.
O Líbano foi o primeiro país árabe a realizar uma semana do Orgulho LGBTQIAPN+ e era visto como um refúgio seguro para a população no Oriente Médio. No entanto, com essa situação ganhando foco recentemente, é criado um clima de tensão.
Essa não é a primeira medida que Mawlawi toma com tom homofóbico: no ano passado, o ministro proibiu quaisquer eventos que, na concepção dele, “promovam a perversão sexual” no Líbano, referindo-se às reuniões que pautavam os direitos da comunidade LGBTQIAPN+. O secretário-geral do Hizbollah, Hassan Nasrallah, solicitou às autoridades que os materiais que ele considera como “promotores da homossexualidade” sejam banidos.
De acordo com o secretário homofóbico, a diversidade de orientações sexuais é um “perigo iminente” e precisa ser “confrontada“. Em julho, Nasrallah disse que “aqueles que cometerem [ato sexual homossexual], mesmo sendo a primeira vez, mesmo que seja solteiro, será morto”.
O gabinete libanês pediu aos cidadãos que se apegassem aos valores familiares, depois da reunião com o clérigo mais importante do Líbano, Bechara Boutros al-Rai. Ayman Mhanna, diretor-executivo da ONG Samir Kassir, afirmou que tais posicionamentos estão acontecendo em meio à uma onda de fanatismo contra, principalmente, a existência de pessoas LGBTQIAPN+.
Fonte: Forum.