O retorno às aulas presenciais na rede pública do Estado só deverá ocorrer após a vacinação dos profissionais da educação contra a Covid-19. Essa foi a opinião consensual dos participantes da Audiência Pública realizada nesta terça-feira (17) pela Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), presidida pela deputada professora Therezinha Ruiz (PSDB). O Asprom/Sindical informou a morte de 204 professores, vencidos pela doença.
De acordo com o professor Lambert Melo, a situação epidemiológica em Manaus é muito preocupante. Ele sugeriu que os professores sejam colocados nos grupos prioritários de vacinação, e defendeu que os Governos Estadual e Municipal adquiram o imunizante para vacinação em massa dos trabalhadores da educação.
O Asprom/Sindical marcou reunião na noite de ontem (16) para definir uma posição sobre o início do ano letivo, previsto para esta quinta-feira (18) nas redes estadual e municipal de ensino, com aulas remotas.
Representando o Ministério Público do Trabalho, a procuradora Adriana Maria Cutrim disse que o órgão vem acompanhando a situação do retorno às aulas e se posicionou pela suspensão das atividades presenciais. “Defendemos como única opção as aulas remotas, visando a segurança de professores e alunos”, enfatizou, acrescentando que mesmo com as aulas online, existem inúmeras denúncias de pais de alunos sobre a falta de condições para acompanhar o conteúdo transmitido por plataformas digitais.
Segundo ela, os professores precisam de estrutura para trabalhar de forma satisfatória e a vacinação tem que ser prioridade para o retorno seguro às salas de aula. “Do contrário teremos a terceira onda de Covid-19”, advertiu Adriana Cutrim.
Mazelas da Covid-19
Já a professora Alessandra Souza apresentou uma pesquisa realizada pelo Asprom/Sindical que mostra a situação da categoria diante das mazelas provocadas pela Covid-19. A contaminação, as sequelas, o estado psicológico abalado com as notícias de mortes de amigos e familiares, fazem parte da atual realidade vivida pelos servidores da educação, segundo a professora.
“Estamos vivendo um momento de dor que não está sendo respeitado”, salientou Alessandra Souza, afirmando ainda que os professores não receberam a formação adequada para o retorno às aulas e que muitos não dispõem de recursos ou material tecnológico para lecionar.
No mesmo sentido, a vereadora professora Jaqueline Pinheiro disse que as aulas remotas são bastante complexas e defendeu que as aulas presenciais retornem somente após a vacinação da categoria. A vereadora apelou ainda pela suspensão da entrega presencial dos cartões de merenda nas escolas, devido aos riscos de contaminação.
Professores no grupo prioritário
Elder Figueira, chefe do Departamento de Vigilância Ambiental da FVS, confirmou que os professores já estão no grupo prioritário de vacinação e que o imunizante será enviado pelo Ministério da Saúde conforme os números informados pelo Inep. Segundo ele, possivelmente muitos professionais que estão no grupo de comorbidade serão vacinados antecipadamente.
No entanto, Figueira afirmou que há dificuldades para a compra de vacinas e que no momento não há distribuição de doses para todos os Estados, por indisponibilidade do imunizante no mercado. Mas disse ainda que a prioridade é o retorno seguro às aulas presenciais.
“Não temos ainda uma perspectiva de 3ª onda. Passamos da fase roxa para a vermelha, por isso não consideramos a volta presencial, enquanto não resolvermos a 2ª onda”, alegou o representante da FVS.
Para o representante da Seduc, Rafael Ferreira dependendo da gravidade da situação epidemiológica, não haverá previsão para o retorno das aulas presenciais. “Vamos voltar com as atividades remotas”, frisou.
Encaminhamentos
Ao final da audiência, a deputada Therezinha Ruiz afirmou que não é possível o retorno às aulas presenciais na rede pública, enquanto permanecer a calamidade. Ela citou também como agravante, que professores e alunos dependem de transporte público e não podem ficar expostos ao contágio da doença dentro dos ônibus.
De acordo com Therezinha, as sugestões e preocupações levantadas na Audiência constarão em um relatório, que será encaminhado às autoridades estaduais e municipais com pedido de providências imediatas, visando a segurança e a preservação da saúde dos alunos, professores e demais servidores da educação no Amazonas.
Therezinha Ruiz, juntamente com o deputado Sinésio Campos (PT), já havia solicitado a inclusão dos professores nos grupos prioritários de vacinação contra a Covid-19.
Em requerimento enviado ao Governo do Estado e ao Governo Federal, Therezinha pediu para que os professores fossem priorizados na fila da vacinação. O Ministério da Saúde atualizou a lista de prioridades, acrescentando os professores, mas ainda não há uma data provável para a imunização dos profissionais da educação no Estado.
*Com informações da Semcom