Em comemoração ao mês da Consciência Negra, o ativista negro, Christian Rocha, lança calendário de atividades do Instituto Afro Inaô, do qual é presidente, com atividades nacionais e locais. Foi um dos poucos ativistas negros a receber homenagens nos três poderes; Legislativo, Executivo e Judiciário. A última realizada no Senado Federal com menção de aplausos do senador Plínio Valério (PSDB). “Tento a busca por uma política racial ativa em nosso Estado e país” declara Christian.

O ativista e presidente do Instituto Afro Inaô tem sido uma das vozes mais ativas pelo Amazonas quando se trata de ativismo racial. “Com todas essas honrarias, com todas essas homenagens, vou ser sincero, já não deslumbro tanto assim um cargo eletivo. a gente vai fazendo a nossa parte mas Infelizmente a gente vive numa sociedade que não respeita ninguém, que é doente, não respeita a mulher, o idoso, o negro e mesmo que a gente tente ensiná-los a respeitar, fica difícil.”

Para o ativista Christian a política ajuda a desenvolver o trabalho de uma forma mais abrangente, mas também tem seu percalços em meio as disputas partidárias e ideológicas que não abrem espaço para o debate racial. “Eu sinceramente não deslumbro mais um cargo eletivo apesar de ter meu nome ventilado, apesar de receber muitos incentivos, muitos conselhos eu sinceramente coloco tudo hoje nas mãos de Deus, não sou candidato a Deputado Estadual e muito menos a Deputado Federal.”

O ativista descreve Plínio Valério como um dos poucos homens que acompanha a luta da consciência negra, ele conhece personagens, sabe quem é quem. “Ele viu o meu esforço, da Praça 14 e dos demais movimentos em levar essa temática pra dentro da câmara. Fazer com que o parlamento inclua nas agendas a temática negra não somente em datas comemorativas, mas no cotidiano. Por diversas vezes alguns movimentos de negritude recorreram ao Plínio e ele sempre nos recebeu, então eu fiquei muito feliz em receber essa homenagem, sendo muito gratificante. Eu agradeço a Deus, a minha família, a minha casa e principalmente aos demais movimentos de negritude, aos mais velhos na causa.”

Christian acredita que cada homenagem é uma forma da comunidade negra no país receber seu reconhecimento por todo sofrimento, trabalho e sangue derramado em solo brasileiro. “Não sei se outro presidente de Movimento Negro recebeu isso do Senado, eu acho que nenhum depois do Nestor, mas eu fico muito feliz de que um trabalho voluntário e de conscientização, alcance o mérito como esse.”

Luta contra a escravidão e preconceito

O Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, como feriado nacional, foi aprovado pelo Senado Federal em 23 de agosto, mas ainda precisa ser votado na Câmara dos Deputados. A data é celebrada no Brasil somente em cinco estados, atualmente. O dia 20 de novembro, data do falecimento do líder negro Zumbi dos Palmares, entretanto, a referida lei não estabelece esta data como feriado nacional.

Entre as justificativas do projeto, está a resistência e luta contra a escravidão e preconceito. Zumbi representa a luta pela liberdade e pela prática da cultura e religião africana. Consta ainda no texto, que o calendário das escolas incorporou a data como Dia da Consciência Negra a partir de 2003, no mesmo ano em que o ensino da história e cultura afro-brasileiras também foi inserido no currículo das instituições de ensino.

Sancionada pela presidenta Dilma Rousseff, a Lei nº 12.519 oficializou em 2011 o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, mas não como feriado nacional.

Foto: Arquivo pessoal