Escassez de água potável, secas prolongadas, inundações frequentes, aumento das temperaturas, elevação do nível do mar, além de questões envolvendo a insegurança alimentar, são algumas consequências desencadeadas pelas mudanças climáticas já presentes na atualidade, provenientes do aumento da temperatura global. Vale ressaltar que o aquecimento global é uma intensificação do efeito estufa, um fenômeno natural e importante para a Terra por permitir que o planeta se mantenha aquecido, no entanto, o aumento é prejudicial.
Na região amazônica, por exemplo, mudanças do clima também podem provocar transformações em fenômenos naturais recorrentes, como o período das cheias dos rios. Por causa das alterações no volume de chuvas e elevação da temperatura, podem ocorrer eventos extremos, como secas e inundações.
Na Amazônia, o impacto do desmatamento sobre o clima é mais severo. O desmatamento, a exploração madeireira e os incêndios florestais associados aos eventos de El Niño cada vez mais frequentes e intensos, poderão aumentar significantemente as emissões de carbono oriundas de mudanças no uso do solo. Estudos apontam ainda que a temperatura poderá subir de 5 a 8ºC até 2100 e a redução no volume de chuva pode chegar a 20%
Uma organização brasileira sem fins lucrativos, o Programa WCS Brasil foi fundado em 2003 e, desde então tem focado em esforços de conservação no Pantanal e nas regiões amazônicas. A estratégia da WCS Brasil é identificar problemas críticos de conservação e desenvolver soluções científicas e voltadas para a comunidade, que beneficiem paisagens naturais, a fauna silvestre e as populações humanas.
Em entrevista ao Amazônia Press, o diretor da WCS, Carlos Durigan, frisou a ideia de que, atualmente, a população vive um processo de aquecimento global que é consequência de mudanças no clima causadas especialmente pela emissão de gases que causam o chamado efeito estufa. O principal deles é o Carbono e sua concentração maior na atmosfera, registrada nas últimas décadas tem relação direta com o uso e a queima de combustíveis fósseis, a destruição de florestas e a expansão de atividades humanas que alteram as paisagens naturais do planeta.
“Para muitos cientistas, já atingimos o ponto de não-retorno, assim que o aumento da temperatura média global já se consolidou e é irreversível. O que se busca atualmente é reduzir os danos a partir de construir uma agenda global de redução drástica de emissões de gases de efeito estufa e ainda buscar restaurar ambientes florestais o máximo que pudermos e assim buscar que o aumento das temperaturas e suas consequências sejam reduzidos”, declarou.
As concentrações de gases com efeito estufa atingiram uma nova alta global em 2020, quando o acúmulo de dióxido de carbono (CO2) chegou a 413,2 partes por milhão (ppm) em todo o mundo –149% dos níveis pré-industriais. Os dados indicam que essa tendência de aumento se manteve em 2021 e no início de 2022.
“A mudança do clima global tem gerado profundas transformações nas paisagens globais. Temos experimentado ciclos de chuvas e secas que se alteram, ocorrência de extremos climáticos levando a grandes impactos relacionados principalmente ao aumento de temperaturas e também de períodos de secas e cheias em diversas regiões do mundo. Agora mesmo estamos passando por extremos de secas em diversas regiões, causando destruição e mortes por queimadas, stress hídrico e altas temperaturas”, frisou.
Além disso, ele também pontua problemas tais como insolação, alergias, doenças transmitidas por mosquitos (como a dengue e a malária), desnutrição e fome podem ser intensificados devido ao aumento da temperatura global.
“A saúde do planeta e de todos os seres vivos tem sido fortemente impactada pelas mudanças no clima. Altas temperaturas, eventos extremos de chuvas e secas, queimadas em grandes proporções impactam diretamente a vida de todos os seres vivos, inclusive nós humanos e ainda sofremos com o aumento da ocorrência e influência de doenças diversas, sejam as causadas ou agravadas pelas situações extremas, sejam as causadas por organismos que se beneficiam de um quadro de mudanças extremas”, disse.
Com o agravamento dos problemas ambientais, legislações surgindo e a crescente conscientização da sociedade em relação às responsabilidades das grandes empresas na preservação do meio ambiente, tornou-se necessário que essas grandes companhias divulgassem suas práticas sustentáveis
“A sensibilização da sociedade sobre o cenário em que vivemos atualmente é fundamental para informar e ainda mobilizar a população para que atue em prol da redução de danos causados por estas mudanças. É importante nos adaptarmos e estarmos preparados para enfrentar momentos críticos, assim como nos juntarmos em pressionar nossos governos para que hajam de forma responsável e na liderança dos processos de adaptação e de redução dos danos em curso”, informou Carlos Durigan.
Complementou ainda: “Mais do que nunca precisamos que a sociedade global se mobilize e se engaje na agenda global em busca de redução de danos do processo em que vivemos. Já não se fala mais em aquecimento global, mas em ebulição global e ainda vemos pessoas negando ou minimizando este cenário”.