A jornalista Paula Litaiff, que atua em Manaus, no Amazonas, norte do Brasil e é conhecida por reportagens investigativas na Amazônia, recebeu apoio de órgãos nacionais em favor da imprensa livre, bem como notas de repúdio pelas ameaças de morte recebidas no último dia 11 de novembro deste ano. Os órgãos, Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) por meio de redes sociais e por nota publicada pelo Sindicato dos Profissionais Jornalistas do Amazonas (Sinjor-AM), também a Associação de Jornalismo Digital (AJOR), a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI), além de diversas mensagens recebidas de jornalistas do Amazonas.
A jornalista sofreu ameaças de morte junto as filhas menores de idade feitas pela proprietária do portal CM7, Cileide Moussallem em um grupo de WhatsApp com mais de 260 jornalistas, bem com mensagem de áudio, gerando forte repercussão e apoio de instituições nacionais e jornalistas de Paula.
No dia 11 de novembro, a blogueira desferiu ataques contra Litaiff e as filhas dela no grupo WhatsApp, intitulado grupo dos Jornalistas do Amazonas, e citou as filhas da jornalista. “(…) ela vai pagar caro (…) Ela tem filhas. Ela sabe onde está se metendo. Quem paga são os filhos. A vida tem volta. (…) Pode escrever. Vai ter o que merece. Ela tem filhas. Paula Litaiff, meus filhos te acharam até o inferno. Agora vou ter que te achar nem que seja no inferno (sic)”, ameaçou Cileide Moussallem por meio do número de telefone (92) 99269-xxxx.
O motivo da ameaça seria uma reportagem investigativa da Agência Cenarium, que cita o esposo de Cileide que está sob investigação no Público do Amazonas (MP-AM) e o Ministério Público Federal (MPF-AM) com relação a Provisa, empresa administrada por Janary Rodrigues, com a Hapvida, devido a irregularidades em contratos públicos. Em especial, a Hapvida teve problemas em um contrato de R$ 87 milhões com a Secretaria de Educação do Amazonas, que foi rescindido após denúncias de má gestão, ineficiência no atendimento aos servidores, e riscos financeiros da operadora. Litaiff, que é também vice-presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Amazonas (Sinjor-AM) e fundadora da Agência Cenarium já sofreu intimidações em outras ocasiões e relatou que as agressões e ameaças vieram após coberturas de casos de corrupção e criminalidade no Amazonas, o que ilustra o ambiente desafiador enfrentado por jornalistas locais. Após dezenas de mensagens de apoio, Paula Litaiff agradeceu pelas redes sociais dela todas as manifestações de solidariedade vindas de colegas profissionais e sociedade civil. “Registrei a denúncia e confio plenamente que a polícia e o judiciário do Amazonas adotarão as medidas cabíveis, conforme a lei”, disse.
A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), com sede em Brasília por meio do Sindicato dos Jornalistas do Amazonas (Sinjor-AM), reforçou a necessidade da instauração imediata de inquérito policial pela Delegacia Geral de Polícia Civil, da Secretaria de Segurança do Estado do Amazonas, para apuração com celeridade das denúncias e a manifestação da Justiça em breve tempo. E, que seja garantido o direito à ampla defesa da denunciada, como preceitua o Estado Democrático de Direito. Para muitos profissionais da área, esse caso evidencia um padrão crescente de violência contra a imprensa no Brasil, que frequentemente se intensifica contra repórteres de regiões fora dos grandes centros. A Associação de Jornalismo Digital (AJOR) com sede em São Paulo (SP), repudiou as ameaças e ataques a jornalista amazonense e reinterou a importância de uma investigação rigorosa, já que de acordo com ela é inaceitável que uma jornalista e sua família sejam atacadas por exercer jornalismo de interesse público.
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) com sede em São Paulo (SP), publicou uma nota oficial nesta quinta-feira (14.11) condenando as ameaças e pedindo uma investigação rápida e rigorosa de órgãos como Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM) e Ministério Público Estadual (MPE-AM), para garantir a segurança de Litaiff e a liberdade de expressão no exercício da profissão. Por fim, a Abraji se solidarizou com Paula Litaiff e renovou os votos de que a situação seja contornada com rapidez e que ela e suas filhas sejam mantidas em segurança e paz.
Ameaças a jornalistas A situação de Paula Litaiff reforça o alerta sobre a violência crescente contra jornalistas no Brasil, um país onde profissionais da imprensa enfrentam ameaças e assédios constantes. Segundo o relatório anual da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), o número de agressões contra jornalistas tem crescido nos últimos anos, atingindo especialmente aqueles que cobrem temas sensíveis como corrupção, crime organizado e cobertura ambiental, temas centrais da cobertura da Litaiff. Em 2023, por exemplo, o país registrou um aumento de 24% nos casos de violência contra jornalistas em relação ao ano anterior, refletindo um ambiente cada vez mais hostil e ameaçador para a liberdade de expressão e a transparência.