O Amazônia Press conversou com a manauara Danea Karoline Tavares, quem vai fazer 28 anos no mês de fevereiro de 2021. Ela faz prática da técnica japonesa para criar bichinhos de pelúcia, amigurumi. Danea contou para o portal um retrato de sua história antes de saber da técnica.

Relato de superação

“Eu comecei a prática do crochê em meados de 2003, quando tinha 10 anos. Minha mãe trabalhava bastante e para que eu não ficasse na rua ela me pôs em vários cursos de artesanato oferecidos pelo Cetam lá em Tefé”, Danea começou a contar parte de sua vida. O crochê é o processo de criação de tecidos usando a agulha de crochê e algum fio contínuo como lã, fio de algodão e seda.

Nesse tempo em Tefé, a residência de Danea não possuía televisão. Ela também não sonhava com celular e internet. Danea fazia cursos de bordado, desenho, pintura e crochê no Centro de Educação Tecnológica do Amazonas (Cetam). Era a estudante mais nova e a que tinha mais dificuldade, sempre era a mais atrasada dos projetos. Porém, também era a que mais persistia. Poucas pessoas concluíram, mas Danea concluiu o de crochê e de bordado.

“Os anos passaram e eu acabei deixando esse talento adormecer, com a crença de que crochê era para idosos e fui seguindo a minha vida”, relatou Danea. Por causa de traumas e pressão da vida adulta, ela passou por momentos delicados e distúrbios alimentares no começo de sua segunda década de vida. Sua família e seus colegas de trabalho a ajudaram a enxergar que precisava de ajuda profissional, então Danea começou o tratamento. “Durante esse tempo conheci meu marido que me ajudou muito a passar por tudo isso. Nos casamos, tivemos nosso filho e no início da pandemia eu fui dispensada do meu emprego. Logo depois meu marido também”, completou ela. Danea trabalhava como fiscal de caixa no comércio de 2016 a 2019.

Danea e o marido recebiam seus seguros e, com isso, não estavam adeptos para qualquer auxílio emergencial. Os dois tentaram diversas formas de ganhar dinheiro pela internet, como o marketing digital, já que a ajuda ia terminar e eles não teriam alguma renda. Com a vida financeira instável, a mente dela passou a entrar em colapso e Danea voltou a ter pensamentos negativos.

“Com toda a crise da covid-19, trancada em casa, sem dinheiro, sem nada, recebendo ajuda dos familiares para sobreviver, eu pedi ajuda a Deus, que iluminasse a minha mente naquele momento escuro”, disse Danea. “E foi então que, assistindo um vídeo no YouTube, eu vi uma propaganda sobre amigurumi. Essa foi a resposta, eu conhecer, pesquisar e assistir várias coisas relacionadas. Ainda não tinha dinheiro para comprar os materiais, mas eu achava que se tentasse eu conseguiria fazer. Até que minha mãe me emprestou R$ 200,00 para eu começar a fazer”.

E, em setembro de 2020, Danea começou a prática do amigurumi vendo aulas no YouTube. Montou seu Instagram (@amigurumi_manaus) do zero. Em outubro começou a fazer para vender. Em novembro, tinha encomendas para o mês todo e para dezembro.

Danea hoje em dia

Atualmente, Danea se sente melhor. “Eu estou bem psicologicamente, estou fazendo terapia, faço de casal também, estou bem. Quanto a vida profissional eu estou super feliz porque eu me redescobri, me reencontrei”. Ela ama o que faz e seu foco total é crescer mais nessa área. Embora não se considere rica, acredita que consegue ganhar mais do que ganhava quando trabalhava no comércio.

Danea também dá dicas para pessoas que querem começar a ganhar uma renda extra por meio do artesanato em crochê. As dicas estão no seu Instagram e no seu Tik Tok (@mamaenerd). Ela incentiva seus seguidores a empreender também, pois acredita que todo mundo pode fazer o que quiser e pode ver algo novo e ver oportunidade em seus talentos.