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O estado do Amazonas é a maior área territorial do Brasil, equivalente ao território de cinco países somados, como França, Espanha, Suécia e Grécia. Este estado experimenta uma rápida urbanização, acompanhada do fenômeno social conhecido como violência urbana. Isso ocorre devido a problemas estruturais, como desigualdades socioeconômicas, segregação urbana e falta de oportunidades para uma vida digna no espaço urbano. O vasto território e o número limitado de policiais dificultam a fiscalização, levando ao aumento do crime organizado e do tráfico de drogas.

De acordo com o Anuário divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública em 20 de julho, o Amazonas é o terceiro estado mais violento do país, refletindo a sensação de insegurança vivenciada pela população local. Muitas dessas causas estão enraizadas no processo histórico de formação de grupos sociais, incluindo a configuração socioterritorial de estados e municípios. A urbanização e a segregação do espaço urbano agravam as desigualdades socioeconômicas, afastando parte da população.

A desigualdade socioeconômica é uma característica de várias sociedades, incluindo a brasileira. Ela se manifesta principalmente pela má distribuição de renda, resultando em problemas como fome, miséria e falta de acesso a serviços e direitos básicos, como moradia, saneamento, saúde, educação e segurança.

Em entrevista ao portal Amazônia Press, o especialista em segurança pública, Walter Cruz, destaca os principais desafios enfrentados pelos órgãos de segurança no combate à violência urbana. Ele menciona a necessidade de abordar o problema das facções, enfatizando a importância de políticas públicas que promovam emprego e renda para os jovens, bem como a prevenção do tráfico de drogas nas escolas.

“O maior desafio que hoje os órgãos envolvidos no sistema de segurança pública têm é em relação às facções. As facções se estruturaram no país e estão enraizadas nos estados. Penso que esse é o maior desafio no enfrentamento dos problemas da segurança pública e do crescimento da violência urbana. Tem que haver na verdade, um conjunto de forças do estado para enfrentar o problema da violência, tanto no campo social, quanto no campo da educação, no campo social, fazendo com que políticas públicas sejam adotadas para gerar mais emprego e renda para os jovens, na questão da educação, fazer com que realmente a prevenção dos crimes chegue principalmente em relação ao tráfico de droga nas escolas. Temos bons programas que faltam ser incentivados como, por exemplo, o programa da Polícia Militar Proerd, um basta na questão da influência do tráfico de drogas com as nossas crianças”. 

Walter também ressalta a importância de aproveitar o avanço tecnológico, integrar os órgãos de segurança e aprimorar o trabalho de inteligência policial para combater a violência de forma eficaz.

“Penso que há necessidade de se trabalhar muito quatro fatores: primeiro é a questão da tecnologia, aliar tecnologia ao trabalho de prevenção da violência fazendo com que as pessoas tenham um melhor acesso ao sistema policial usando os smartphones e computadores e aplicativos de segurança. Segundo, fazer realmente um enfrentamento melhor das facções tanto na cidade de Manaus como no interior usando a integração, integrando todos os órgãos, Polícia Federal, Marinha, Exército e Aeronáutica. Uma terceira medida, seria melhorar o trabalho de inteligência, a necessidade de um estudo melhor para saber como as facções estão atuando, como a droga sai dos países produtores como Colômbia, Peru e Bolívia e chega no Amazonas. Para isso precisa de inteligência, e por último, treinar melhor o policial para que ele tenha condição de enfrentar melhor os problemas que geram a violência”, ressaltou o especialista. 

Ele conclui a entrevista mencionando os desafios específicos de combater a pirataria nos rios amazônicos e destaca a necessidade de fortalecer as companhias de policiamento do interior e as delegacias, além de investir em tecnologia e materiais.

Especialista em segurança, conclui a entrevista lembrando das dificuldades que é combater a pirataria nos rios amazônicos. “Políticas públicas podem ser a saída para toda essa situação de violência, a questão do problema dos casos de piratas dos rios, depende da vontade do governo na contratação de mais policiais. Precisamos avançar as estratégias, o governo precisa dar prioridade no enfrentamento dos problemas de segurança pública, especificamente na questão dos piratas nos rios, precisamos melhorar o trabalho das companhias de policiamento do interior, das delegacias também, porque polícia não se faz só com PM, se faz também com a polícia civil, é ela quem faz a investigação, então melhorar o nível de investigação da polícia civil e fazer com que haja um fortalecimento das delegacias do interior, principalmente com tecnologia e materiais”, finaliza.

A violência urbana não afeta apenas as vítimas, mas também a economia e a estrutura das cidades. O combate à miséria nas áreas periféricas e o policiamento comunitário preventivo são medidas eficazes. Valorizar e apoiar as forças policiais federais, estaduais e municipais é fundamental para um país mais seguro.