A febre maculosa se tornou uma preocupação nos últimos meses, até para os estados que ainda não apresentaram nenhum caso até agora, como por exemplo o estado do Amazonas. Hoje conheceremos mais sobre a doença e porque o estado do Amazonas não se tornou alvo dessa doença. Além disso, discutiremos a importância da prevenção e as estratégias adotadas para controlá-las.
A febre maculosa brasileira, também conhecida como febre do carrapato, é uma doença infecciosa transmitida pelo carrapato-estrela ou micuim da espécie Amblyomma cajennense. Esse carrapato pode ser encontrado em animais de grande porte, como bois e cavalos, além de animais domésticos como cães, aves domésticas, gambás, coelhos e especialmente capivaras. A doença não é transmitida diretamente de pessoa para pessoa nem pelo contato com animais infectados.
De acordo com o Ministério da Saúde, a transmissão da febre maculosa só pode ocorrer quando o carrapato permanece fixado à pele do hospedeiro por um período variável entre seis e dez horas. Nesse tempo, a bactéria causadora da doença é reativada na glândula salivar do carrapato e espalhada pelo corpo. É importante ressaltar que não há transmissão da doença de uma pessoa para outra. O diagnóstico precoce é fundamental para aumentar as chances de cura.
No caso do Amazonas, a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Drª Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP) informou à nossa redação que não há registros de casos confirmados de febre maculosa no estado. Isso ocorre porque o Amazonas não é considerado uma área endêmica para o carrapato-estrela, ou seja, o ambiente não favorece a presença deste vetor específico da doença na região.
Apesar de não ser uma área endêmica, o Amazonas possui uma rede de vigilância no estado que está atenta a suspeitas de casos de febre maculosa. A Fundação de Medicina Tropical – Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD) conta com profissionais capacitados para o diagnóstico clínico e tratamento da doença, caso seja necessário.
No combate e prevenção da febre maculosa, é importante implementar programas de vigilância epidemiológica, que envolvem a coleta de dados e a monitorização constante das doenças endêmicas. Essas informações embasam a tomada de decisões e a implementação de medidas de controle eficazes.
Além disso, campanhas de vacinação também desempenham um papel fundamental na prevenção não apenas da febre maculosa, mas também de outras doenças. É importante destacar a relevância da adesão da população às campanhas de vacinação, pois a imunização adequada pode prevenir várias doenças infecciosas.
Nesse contexto, a atuação de instituições como a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-RCP), a Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM), a Organização Mundial da Saúde (OMS) e pesquisadores especializados é essencial para o monitoramento, controle e prevenção da febre maculosa e de outras doenças infecciosas. A colaboração entre essas entidades é fundamental para garantir a saúde pública e o bem-estar da população.
Em entrevista ao portal Amazônia Press, Deugles Cardoso, gerente de Zoonoses no Departamento de Vigilância Ambiental (DVA) da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas, informou que caso esse tipo de carrapato for encontrado na região, é necessário que ele seja descartado de forma adequada. “É mais comum o contágio em pessoas que vivem em áreas rurais ou em áreas arborizadas, que entram em contato com animais de produção como bovinos, equinos, ou animais silvestres como capivaras, e até mesmo os animais domésticos. Quando for constatado a presença desses carrapatos fixado na pele das pessoas ou em algum desses animais, o importante é nunca entrar em contato direto, extrair esse carrapato com a mão protegida, precisar fazer o uso de uma pinça e depositar esse carrapato inteiro no álcool para que ele morra, e aí sim, tem se então o descarte adequado desse agente transmissor”.
A Dra. Alessandra Nava, médica veterinária com Doutorado em Medicina Veterinária pela USP com ênfase em Epidemiologia, pesquisadora da Fiocruz Amazônia, do laboratório PReV Patógenos reservatórios e vetores, explicou porque o estado do Amazonas não é uma região que tenha esse tipo de carrapato, mas ela não descarta a possibilidade de ser encontrado no Amazonas.
“Os carrapatos implicados na transmissão da febre maculosa brasileira são Amblyomma, como o Amblyomma sculptum, Amblyomma ovale (antes denominado Amblyomma cajennense), Amblyomma cooperi, Amblyomma aureolatum e Rhipicephalus sanguineus. Isso não significa que outros carrapatos não possam transmitir a bactéria, significa que pesquisadores identificaram a presença da bactéria nessas espécies. Não descartando absolutamente que ainda possa ser encontrada a bactéria Rickettsia em outras espécies de carrapatos. Aqui no estado do Amazonas temos o Amblyomma e o Rhipicephalus que são os gêneros de carrapatos implicados na transmissão da doença para humanos. O nosso estado tem grande extensão territorial e ainda são identificadas novas espécies de carrapatos”, diz a pesquisadora.
De acordo com a Dra. Alessandra Nava, o professor Sérgio Luiz Gianizella da Universidade Federal do Amazonas tem trabalhado há muito tempo com a identificação dos carrapatos do estado e acredita que ainda tem muito a descobrir em relação a novas identificações. A doença ainda não ocorre aqui, acredita-se que devido a fatores ambientais e que envolvem algum tipo de ocupação humana e alta biodiversidade.