Os efeitos da estiagem histórica que assola a Região Norte junto ao fenômeno “Super El Niño” trazem como consequência outros recordes preocupantes. Entre eles, a escassez de recursos hídricos para o armazenamento e geração de energia. Apesar disso, a concessionária Amazonas Energia assegurou, durante coletiva de imprensa realizada no último dia 10 de outubro, que o abastecimento de energia está garantido em todo o estado.
Na segunda-feira (09), mais uma vez, Manaus e municípios da Região Metropolitana registraram recorde histórico de consumo de energia elétrica. Às 21h47, o pico de consumo chegou a 1.742 mega watts.
O diretor de Relações Institucionais da Amazonas Energia, Radyr Gomes, negou que cidades do Amazonas enfrentem problema de geração de energia elétrica devido à falta de combustível em razão da dificuldade de navegação das balsas com combustíveis.
“Quero tranquilizar aos amazonenses, aos nossos clientes, que por falta de diesel, de desabastecimento de diesel, não vai ter problema de geração de energia (no Amazonas)”, disse o diretor.
No entanto, não é bem essa realidade que os populares que residem em Manaus e outros municípios da região metropolitana tem enfrentado. Em meio ao intenso calor e a densa nuvem de fumaça que cobre esses locais, os moradores também precisam lidar com a falta de energia constante.
Ainda na noite de terça-feira – data em que foi feito o anúncio que o abastecimento de energia estava garantido em todo o Amazonas – os bairros Japiim, Educandos, Alvorada, Cidade Nova e Tarumã, em diferentes zonas de Manaus, sofreram com falta de energia elétrica. Vale ressaltar que a empresa tem sido alvo constante de reclamações voltadas a cobranças abusivas, desligamentos repentinos e irregulares, além da insistência da empresa em instalar medidores aéreos no Amazonas.
Populares que vivem no ramal do Angelim, que fica na estrada de Novo Airão (194,8 quilômetros de Manaus), também estão sofrendo com as constantes quedas de energia elétrica na região. De acordo com um popular que preferiu não se identificar, toda a extensão da Rodovia AM-352 tem sofrido quedas de energia com frequência.
“Quanto a energia, além dos moradores do ramal, também temos reclamações de que está faltando eletricidade com frequência na estrada toda. São reclamações tanto de moradores, quanto de usuários que percorrem o trajeto com frequência”, disse.
Morador do bairro Petrópolis, na Zona Sul de Manaus, o tatuador e designer Islamer Reis passou a última quarta-feira (11) sem energia elétrica na própria residência após uma explosão no transformador de energia.
“Todos os moradores daqui ouviram uma forte explosão do nada. Nem estava chovendo. Aí passamos o dia inteiro sem energia. Nesse dia estava muito quente e já estávamos sofrendo com a nuvem de fumaça aqui em Manaus”, frisou.
Nesta segunda-feira (16), alguns moradores do Conjunto Francisca Mendes 2 também foram surpreendidos com cerca de nove horas sem abastecimento de energia elétrica.
Anteriormente, o presidente da Associação Amazonense de Municípios e prefeito de Rio Preto da Eva (distante a 80,2 quilômetros de Manaus), Anderson Sousa, chegou a comentar sobre o possível racionamento de energia elétrica mediante a estiagem que atinge o Estado do Amazonas, o que foi negado pela própria Amazonas Energia.
“Os prefeitos têm recebido os gerentes das unidades de geração de energia em seus municípios e os mesmos têm informado do possível racionamento. Procurei conversar com a diretoria e os mesmos me informaram que eles teriam estoque para manter as unidades no interior. Há uma preocupação porque diverge essas informações que os prefeitos estão recebendo. Pedi que o governo estadual inclua a Amazonas Emergia no conselho de crise, para poder entender melhor”, ressaltou o representante.
A equipe de jornalismo do portal Amazônia Press entrou em contato com a assessoria de imprensa da concessionária de energia que declarou que no final da manhã desta terça-feira (17) haverá uma reunião para tratar sobre a temática.
Levantamentos anteriores
Prejuízos causados por “apagões” motivaram, somente no interior, quase 5 mil processos judiciais contra a Amazonas Energia em 2022, segundo o Núcleo de Estatística do TJAM (Tribunal de Justiça do Amazonas). Em todo o estado foram mais de 8 mil processos.
Ano passado, diversos municípios como Iranduba, Manacapuru, Presidente Figueiredo, Carauari, Careiro da Várzea, Barcelos, Parintins e outros foram afetados com “apagões” de energia em abril e junho.