A grave crise no sistema de segurança pública do Amazonas tem sido um tema subestimado por anos, com pouco destaque dado a essa questão essencial para os cidadãos da região, que enfrentam crescentes receios em relação à sua segurança pessoal. Abordando o cenário, é evidente que a escassez de efetivo policial, ausência de concursos públicos na área de segurança, e aposentadoria por carreira, entre outros fatores, têm contribuído para a falta de políticas abrangentes para a segurança no país.

O avanço do crime organizado ganha destaque, conforme busca novas áreas urbanas para se infiltrar e dominar, frequentemente encontrando refúgio em zonas rurais, impulsionando o aumento e a disseminação do tráfico de drogas nas regiões densamente povoadas. Nesse contexto, exploraremos perspectivas diversas, desde vítimas de assaltos até especialistas em segurança, visando trazer um panorama completo da situação.

Dados do anuário apontam que em todo o Amazonas, houve em média uma morte em cada 3,5% intervenção policial. o Amazonas teve 99 mortes decorrentes de intervenção policial em 2022, de acordo com os números do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2023, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).

O especialista Mário Aufiero, Mestre em Segurança Pública, enfatiza o desafio único enfrentado pelo Amazonas, localizado em uma região vulnerável devido às fronteiras com países produtores de cocaína. Apesar do baixo efetivo policial, a colaboração entre forças tem rendido resultados positivos, reduzindo índices de mortes violentas e sufocando o tráfico de drogas.

“A questão realmente é que nós somos um estado que faz fronteira com dois países, dois dos maiores produtores de cocaína do mundo, que são a Colômbia e Peru, isso deixa o Amazonas mais vulnerável. Às facções criminosas estão se apropriando disso, logo nosso estado é uma situação sui generis, em virtude desse fato. Nos últimos 4 anos, tivemos um aumento do garimpo ilegal na nossa região que não foi devidamente combatido pelos órgãos do governo federal, a questão de estarmos nessa terceira posição, reflete muito nesses questionamento”, aponta Mario. 

“O índice de mortes violentas diminuiu, segundo o anuário em 2021/2022, isso reflete que as forças de segurança estão combatendo. Nunca tínhamos aprendido tanta droga, como aprendemos nos últimos 12 e 18 meses, isso acaba sufocando o tráfico de drogas e o poder dessas organizações. Temos um contingente que tem que ser reposto por polícias, mas o contingente atual tem dado conta, a polícia não tem parado, trabalhando com inteligência na área de atuação, e em conjunto com Policiais civis e militar, Forças Armadas e a Base Arpão de apoio”, expressou o especialista 

Para Samylla Cristine, esteticista de 19 anos, que foi vítima de assalto três vezes, expressa que deveria ter uma urgência no reforço da presença policial. Ela ainda declara seu medo e trauma, clamando por mais segurança em sua comunidade. “Não me sinto segura em sair de casa! Tenho trauma, após passar por esses três assaltos. Todas as vezes fico imaginando, se ao sair de casa posso sofrer outro, então fico com medo, com receio. Eu espero que reforcem a presença policial, para assim podermos sair em segurança de nossas casas, sair e voltar em paz; e saber que não vamos ser vítimas de assalto no nosso próprio bairro”, desabafou Cristine.

De acordo com o especialista, Mário Aufiero,  o programa “Amazonas Seguro” do governo federal é apontado como uma medida fundamental, visando implantar bases fluviais e territoriais para fortalecer a segurança na região. Manter a cooperação entre as forças e investir em inteligência é crucial para obter resultados eficazes e manter a população segura.

Diante do aumento dos roubos e furtos, a população é encorajada a denunciar atividades suspeitas e adotar medidas de precaução. Guardar os celulares e evitar expor pertences em locais públicos são passos essenciais para prevenir crimes. Nesse cenário desafiador, fica claro que a segurança pública demanda ação conjunta, inteligência e investimentos consistentes para garantir a tranquilidade dos cidadãos amazonenses.