SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em meio à greve de professores que reunia nesta terça-feira (16) ao menos 24 universidades, centros de educação tecnológica e institutos federais no país, estudantes da rede em São Paulo manifestam apoio ao movimento por reajuste salarial e levantam suas próprias demandas.

O IFSP (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo) é uma das instituições em que professores e técnicos administrativos paralisaram as atividades. Ao todo, 32 dos 38 campi da instituição estão em greve, segundo levantamento do Sinasefe-SP, sindicato que representa os servidores federais da educação.

Reitoria, Ilha Solteira, São José do Rio Preto, Votuporanga, Caraguatatuba e Campos do Jordão são as unidades que ainda debatem a adesão ao movimento.

No campus da capital paulista, a maioria dos estudantes não tem aula desde o dia 8 de abril. Embora a greve nacional tenha começado oficialmente nesta segunda (15), parte dos docentes e servidores vem paralisando atividades desde o início do mês.

Os alunos que estiveram por lá nesta terça participaram de atividades propostas especificamente para o período de greve, como debate e sarau, e também de projetos de extensão e estágios. Além disso, também apontaram o que precisa melhorar na unidade.

No campus, o calor é uma das reclamações dos alunos. “A sala onde estamos é um forno. Tecnologia também é um problema, quase não temos computador. Para nós, que somos alunos, a infraestrutura é o mais importante”, diz o estudante de licenciatura em matemática Thiago Moura, 18. “Achamos [a greve] necessária. Até por estarmos fazendo um curso de licenciatura. [A docência] É um ramo em que eventualmente vamos trabalhar, então é importante ajudar os professores”, diz.

Alunas da licenciatura em ciências biológicas, Vitória Silva, 24, e Stella Rubia, 22, confirmam as reivindicações. “As salas de aula têm problema de acústica, não têm ar-condicionado. Só algumas têm ventilador. Nos laboratórios, quando os microscópios funcionam, precisamos dividir. Também sofremos por não ter saída de campo e a maior justificativa é a falta de verba.”, diz Vitória. “Às vezes tem 40 alunos em salas que não comportam tanta gente”, complementa Stella.

As duas colegas afirmam entender e apoiar a mobilização dos professores. “Apoio essa greve pela revogação [da reforma] do ensino médio e pelo salário. São anos sem reajuste”, diz Stella. “Eu não vejo [a greve] como um problema. Para nós é muito válido”, afirma Vitória.

Nesta terça, representantes do Sinasefe e de outros sindicatos que representam trabalhadores federais de educação participaram de uma audiência pública sobre a greve na Comissão de Administração e Serviço Público na Câmara dos Deputados.

Os grevistas também preveem uma marcha em Brasília na quarta (17).

Os professores reivindicam reajuste salarial de 22%, a ser dividido em três parcelas iguais de 7,06% -a primeira ainda para este ano e outras para 2025 e 2026.

A reportagem procurou o MEC (Ministério da Educação) para obter um posicionamento atualizado sobre a greve e também sobre as demandas dos alunos por mais investimentos em infraestrutura, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.

Em nota na segunda-feira, a pasta já havia informado que busca alternativas de valorização dos servidores. Enquanto isso, continua a mobilização da categoria pela recomposição salarial e mais investimentos públicos nas instituições federais.