O agronegócio brasileiro deve alcançar um PIB de aproximadamente R$ 2,85 trilhão em 2025, o que representa um crescimento de 5%, conforme projeções da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O resultado será impulsionado por uma safra recorde de grãos e pelo crescimento da indústria de insumos e da agroindústria exportadora. Com isso, o setor deve continuar sendo um dos principais pilares da economia brasileira.
Apesar das boas expectativas, a alta dos juros, com Selic projetada acima de 13%, impactará negativamente as concessões de crédito em 2025. Além disso, dificuldades orçamentárias do governo poderão implicar em menos recursos para o Plano Safra e seguro rural, além de taxas mais altas nos empréstimos bancários. O aumento da pressão de custos de insumos importados será também um desafio importante para o setor com o câmbio valorizado.
É verdade que o dólar no novo patamar de R$ 6 sustenta a competitividade das exportações do agro, mas a volatilidade da moeda gera tremenda incerteza para compra de insumos e venda das commodities. Gestores de riscos sugerem fechar compra e vendas com o mesmo câmbio para evitar prejuízos com o descasamento da moeda. Em 2024, o dólar amorteceu mas não eliminou a queda do preço da soja, me apontou a consultoria Cogo Inteligência em Agronegócio. Em reais, a commodity subiu 28% neste ano e caiu 22% em dólar. Nesse cenário, a rentabilidade do setor, na área de soja, será uma das menores dos últimos 20 anos, revelou estudo da empresa.
Do cenário internacional, o novo mandato de Donald Trump e a guerra comercial com a China podem trazer repercussões importantes ao Brasil se o plano de adicionar tarifas em produtos importados pelos EUA sair do papel com a intensidade que está sendo prometida. Aqui do lado, a economia da Argentina se recupera, e o presidente Javier Milei já promete a retirada gradual das retenciones, que são impostos que incidem sobre produtos do agro exportados. Se acontecer, o setor agropecuário argentino ficará mais competitivo com o Brasil.
Diante desse panorama, 2025 será um ano de equilíbrio entre desafios e oportunidades. A safra recorde aponta para potencial redução da inflação de alimentos e o crescimento no PIB do setor favorece um cenário positivo para economia, mas a superação de entraves como a restrição de crédito, juros altos e volatilidade cambial serão cruciais para o bom desempenho do agro no novo ano que está a caminho.