O VW Fox logo vai ter que deixar de ser produzido em série depois de 18 anos. O carro tem vendido mais que o Polo, conforme os dados da Fenabrave (Federação dos Distribuidores de Veículos). Em setembro, o veterano teve 2.341 unidades vendidas, ante apenas 759 do hatch mais moderno, cuja produção tem sido mais afetada pela falta de semicondutores de indústria.
Assim, a saída do VW Fox de linha até o fim de 2021 será forçada pelas novas regras de ruídos e emissões estabelecidas pelo Proncove L7 , que começam a valer a partir de 1º de janeiro de 2022. Será um caso parecido com o da saudosa VW Kombi , cuja produção foi encerrada no final de 2013 por causa da nova lei que exigia airbag e ABS em todos os carros fabricados no Brasil a partir de 2014.
Sabendo que a demanda pelo VW Fox continua em níveis razoáveis, a fabricante resolveu lançar a linha 2022 do modelo, no final de junho, sem a central multimídia, o que acabou o deixando R$ 1.560 mais em conta e menos afetado pela falta dos semicondutores, favorecendo sua produção.
No final de setembro começaram a circular no Facebook e no Instagram algumas imagens mostrando uma suposta última unidade do VW Fox produzida em São José dos Pinhais (PR). Mas a fabricante não confirma o fim da produção do modelo , afirmando que o carro continua saíndo da linha de montagem normalmente. De qualquer forma, se não foi dessa vez, o final do veterano está bem próximo e não vai passar de dezembro de 2021.
Em 2022 chegará o VW Polo Track , que será feito em Taubaté (SP) como o carro mais em conta da marca no Brasil, posição ocupada atualmente pelo VW Fox Connect , cujo preço sugerido é de R$ 61.690, ante R$ 65.590 do Gol 1.0 . Essa versão básica do Polo será um dos modelos que fazem parte da reestruturação da marca no Brasil, conforme a apresentação do diretor Financeiro da matriz, Alexander Seitz, em março último.
Segundo o executivo, “o plano de reestruturação no Brasil inclui ajustes nas fábricas, com menos turnos de produção , e o lançamento do VW Polo Track , um veículo de entrada da linha para a região que poderá ser exportado para outros mercados fora da América do Sul. Além disso, esperamos alcançar um ponto de equilíbrio este ano na região, cujos resultados estão 30% abaixo das expectativas.”
O legado do VW Fox no Brasil
Lançada no Brasil em 2003, a “raposa” acumulou mais de 2 milhões de unidades produzidas na planta de São José dos Pinhais (PR), inaugurando uma categoria até então inexistente no mercado brasileiro. O pai do projeto foi o designer automotivo Luiz Alberto Veiga , que também foi responsável por arredondar as linhas do Go l , em 1994.
O sinal verde para a produção do VW Fox foi dado diretamente de Ferdinand Piëch, o CEO global da Volkswagen , que não economizou elogios ao Fox e à equipe brasileira. Uma de suas ordens era que o modelo fosse fabricado no Brasil, para abastecer o mercado latino-americano, e na Alemanha, para substituir o Lupo.
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Lançado nas versões City, Plus e Sportline, o Fox tinha motor 1.0 de 72 cv de potência e 9,2 kgfm de torque, sempre com câmbio manual de cinco marchas. O modelo 1.6, de 103 cv de potência e 14,5 kgfm de torque surgiu em 2004, também com câmbio manual de cinco.
Entre outras versões, o Fox teve a versão com apelo aventureiro CrossFox , que fez muito sucesso com o público que não tinha dinheiro para comprar um SUV, mas fazia questão do visual aventureiro. Em 2005, a cantora Stefhany lançou uma música (uma paródia da canção “A Thousand Miles”. da cantora americana Vanessa Carlton) que viralizou na internet. Ela mencionava o compacto aventureiro da Volkswagen, e até hoje, há quem chame a artista de “Stefhany do CrossFox”.
Em meados de 2014, o Fox ainda era um dos veículos mais vendidos da Volkswagen no Brasil. A marca, então, decidiu deixá-lo ainda mais moderno e equipado, incorporando um facelift com fortes inspirações no Golf MK7 , na linha 2015, quando o carro passou a estar disponível com controle eletrônico de estabilidade (ESP) mas versões Highline e CrossFox, ambas com motor 1.6 16V.
Em 2017, a Volkswagen lançou a nova geração do Polo . Com isso, a linha Fox foi muito reduzida, perdendo as versões Bluemotion, Cross e MSI. Atualmente, a “raposa” tem apenas duas versões no mercado brasileiro: o aventureiro X-Treme e o urbano Connect. No conjunto mecânico, resta apenas o motor 1.6, de 103 cv de potência e 14,8 kgfm de torque, com câmbio manual de cinco marchas.
Com essa “enxugada” na linha, muitos acreditam que o Fox está com os dias contatos. O presidente da Volkswagen do Brasil, Pablo Di Si, já disse à reportagem de iG Carros que enquanto o modelo ainda tiver demanda, será produzido em São José dos Pinhais (PR).
O VW Fox é um produto de muitos méritos. Sobreviveu ao tempo com louvor, ganhando equipamentos interessantes em cada renovação. Não à toa, fez muito sucesso não apenas no Brasil, mas também na Argentina.