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Não é de hoje que o Hospital e Pronto Socorro (HPS) Dr. João Lúcio tem sido alvo de denúncias tanto de pacientes quanto de funcionários pela falta de estrutura no local. Como se já não bastasse o atraso salarial, profissionais da saúde que trabalham no hospital entraram em contato com a redação do portal Amazônia Press para denunciar as condições precárias de trabalho que estão enfrentando.

Imagens enviadas à nossa equipe mostram profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) chegando nas dependências do Hospital João Lúcio, localizado na Zona Leste de Manaus, debaixo de chuva e enfrentando um piso irregular com um paciente que havia sofrido um acidente de trânsito.

Profissional da saúde, militante em prol dos profissionais da área e líder do movimento social Todos Pela Saúde, Denison Vilar, mais conhecido como Denison do SAMU, questionou a falta de uma estrutura adequada e declarou que é inacreditável um profissional passando por isso em um hospital que gastou mais de 15,4 milhões em obras há menos de 2 anos.

Além disso, ele também ressaltou que as duas usinas de oxigênio que estão no HPS João Lúcio e no Hospital e Pronto-Socorro da Criança (HPSC) Joãozinho estão paradas e se deteriorando desde a pandemia. De acordo com o profissional, os maqueiros que atuam na unidade de saúde estão há 11 meses sem receber o salário.

“Enquanto isso o estado continua torrando milhões comprando oxigênio da White Martins. A população não pode continuar compactuando passivamente com esses absurdos. A sua vida e de seus familiares dependem dessas unidades, você querendo ou não. Os maqueiros estão lá há 11 meses sem receber, foram gastos milhões em reforma e o profissional continua tendo que deixar o paciente na chuva. O piso é irregular e o paciente com trauma acaba sentindo mais dores com isso. É um conjunto de situações”, disse o profissional da saúde.

O profissional também questiona que a “falta de gestão na saúde pública demonstra que a área está indo ladeira abaixo” no Estado e cobra a fiscalização dos órgãos públicos.

“É lamentável que a nossa população tenha morrido durante uma pandemia por falta de oxigênio e gastou-se mais de 40 milhões em usinas de oxigênio que estão todas paradas e continua gastando-se para comprar oxigênio da White Martins sendo que a gente tem essas usinas para produzir o oxigênio nos hospitais. Esse custo altíssimo de oxigênio para as unidade hospitalares que poderia ser economizado para pagar o maqueiro, os serviços gerais, o administrativo – que estão de três a onze meses sem receber -“, declarou.

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Complementou ainda: “A falta de gestão na saúde pública demonstra que a gente está indo ladeira abaixo e sem o interesse dos órgãos fiscalizadores como o Tribunal de Contas, Ministério Público Federal e Estadual, Assembleia Legislativa, mais de vinte deputados sem tomar nenhuma providência, sem tomar nenhuma postura e a população morrendo, dependendo do atendimento, das condições de leitos, dependendo de material e o dinheiro indo pelo ralo com aluguel de contêineres e com compra de oxigênio. Trabalhador do Samu deixando paciente na chuva, no sol, os acompanhantes ficando nessas mesmas condições, sem banheiro, sem água e sem nada. Lamentável tudo isso frente à sociedade que está padecendo nas unidades de saúde do estado”.

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O profissional da saúde classifica ainda como “desumano e repugnante” tudo o que vem acontecendo com a saúde pública no Estado.

“A saúde pública vive um caos total e, lamentavelmente, a gente tem vinte e quatro deputados onde só um se levanta contra todo esse caos e a maioria está em conluio com o governo do estado massacrando a população que depende do atendimento desse povo trabalhador que se formou. Esses profissionais estudaram e muitos estão frustrado hoje como profissionais de saúde no estado do Amazonas. A falta de respeito e de valorização chegou em um limite que não tem mais não tem mais para onde seguir. Um atraso salarial de três a onze meses dos maqueiros aos médicos. Só os médicos estavam com até cinco meses de salários atrasados até pouco tempo. As correções que são feitas são graças a mobilização dos próprios trabalhadores, mas ainda há muito o que se fazer. Nós precisamos de concurso público, precisamos de plano de carreira, precisamos que sejam cumpridas as leis. Desde 2009 que ninguém quer cumprir plano de carreira dos professores, dos profissionais militares, bombeiros civis, dos profissionais de saúde, dos profissionais da educação e muitos outros. O que estão fazendo com o estado do Amazonas? Tiraram 680 milhões na aposentadoria dos trabalhadores da Amazonprev e agora estão fazendo mais um empréstimo de 1.5 bilhão. A gente esperava que os 680 milhões que saíssem da Amazon Prev fossem ao menos para pagar os servidores terceirizados”, frisou.

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Em outra situação, o profissional denunciou e pediu providências contra o “caos” na saúde pública do Estado. Ele publicou nas redes sociais um aviso que foi deixada pela empresa JS Refeições na porta do refeitório  do Hospital e Pronto Socorro João Lúcio, informando que não teria almoço e jantar para servidores e acompanhantes.

“E um absurdo, senhor governador, o que está acontecendo com a saúde pública no Estado do Amazonas. Um trabalhador, maqueiro, serviço gerais, administrativo, entre outros, médico, que estudou a vida inteira para realizar um sonho, passando de três meses sem receber, cinco meses sem receber e, se não fosse o suficiente, agora sem ter o que comer, senhor governador”, denunciou.

A equipe de jornalismo do portal Amazônia Press tentou contato com a assessoria da Secretaria Estadual de Saúde do Amazonas (SES-AM) mas, até o presente momento, não obtivemos respostas. A nota será inserida na matéria assim que enviada à nossa redação.