A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor.
Romanos 13:8.
Um dia, pela manhã, um senhor, que perambula pelas ruas do bairro com um carrinho catando sucatas, me pediu para ir ver a sua esposa que estava doente. Aceitei o convite e fui até a casa dele. A casa era uma cobertura de lona, no fundo de um quintal, onde havia somente uma cama e um fogão. O quintal era um amontoado de ferros retorcidos, latarias de geladeiras e fogões. A senhora estava deitada na cama e me disse que estava com uma dor de cabeça insuportável já há alguns dias. Como percebi a sua voz meio arrastada, com a boca meio torta, temendo ser um AVC, levei-a na Policlínica da Redenção. Na triagem já foi constatada que a pressão arterial estava muito acima do aceitável. Então ela foi medicada e encaminhada para um leito. Enquanto isso, fui para a frente do hospital e fiquei conversando com o senhor. Ele me disse que estavam casados há mais de 40 anos, que eram analfabetos, que sobreviviam com o pouco dinheiro arrecadado com a venda das sucatas recolhidas das ruas. Mas uma coisa me chamou a atenção na fala do senhor: em um certo momento, ele olhou para mim, com os olhos cheios de lágrimas e disse: Pastor, ajude a salvar a minha esposa; ela é tudo que eu tenho. Neste instante o meu mundo desabou. A cabeça voou e meu pensamento foi a fundo numa indagação oportuna: como uma pessoa que vive uma vida aparentemente miserável, é tão cheia de amor? Eles não tinham absolutamente nada, materialmente falando, mas eram de um amor transbordante. Naquela hora me veio à cabeça esta fala do Apóstolo São Paulo, em Romanos 13: A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor. Muitas vezes temos gasto o nosso tempo com o trabalho, para que possamos dar o melhor para a nossa esposa, nossos filhos, nossa família. Trabalhamos dez horas por dia, incluindo o deslocamento, e para podermos aumentar o nosso salário, fazemos cursos de especialização e vamos em casa somente para dormir. Não é errado querer dar o melhor para a sua família. Não é errado trabalhar muito para ganhar um pouco mais. Não é disto que estamos tratando aqui. A grande questão é que muitas das vezes investimos tanto no trabalho que aos poucos vamos deixando a nossa família de lado. Com o exemplo do senhor aqui citado, percebi que estou devendo muito amor e preciso amar muito mais ainda para quitar esta dívida de amor. De que adianta casas luxuosas, uma boa conta bancária, um cartão de crédito com o limite nas alturas se não temos amor?
Não deixe para amanhã o amor que você pode amar hoje.