A morte no contexto social é um enigma que perpassa por todos os seres humanos, pois sabe-se da finitude da vida. Na maioria das vezes, o profissional de saúde – médico – é o encarregado de dar a notícia a família. A partir do enunciado da morte, inicia o processo de luto para os familiares. Entretanto, o médico também é envolvido por este luto, devido o vínculo médico-paciente formado durante o tratamento.
A vivência do luto é de extrema importância para ajudar na elaboração das perdas, os rituais de despedida funcionam como um auxílio para organizar o emocional de quem fica.
Os médicos, em sua maioria, precisam elaborar esse processo sozinhos, pois além de não participarem dos rituais, precisam lidar com suas frustrações pessoais a respeito da circunstâncias do óbito. Muitas vezes podem associar a perda do paciente aos sentimentos de inabilidade e insuficiência.
Verbalizar o óbito de um paciente é um processo delicado, pois espera-se que o médico dê explicações de forma ética, seja assertivo e contido em suas expressões. Essa expectativa é reforçada pela cultura atribuída ao profissional de medicina como aquele que detém o poder de salvar vidas, curar doenças, facultando um papel de heroísmo a classe médica.
Há uma convergência nesse sentido, pois ignora-se o fato de que antes de tornar-se médico, este também é humano. Portanto, é necessário um olhar mais humanizado a estes profissionais que lidam com perdas diariamente como os profissionais de urgência e emergência, intensivistas, cirurgiões, oncologistas, entre outros.
Sendo assim, é imprescindível aos médicos e outros profissionais de saúde o acompanhamento psicológico para tratar das questões que permeiam os óbitos ou prognósticos desfavoráveis, para que possam lidar com suas dificuldades e vulnerabilidade enquanto profissional de saúde, de forma mais equilibrada e realista.
Luenda Lira de Freitas
Instagram @psicologaluenda
Pós-graduanda em Psicologia e Sexualidade