Hoje estamos vivendo o milagre da multiplicação das denominações. Nunca esbarramos com tanta igreja, tanta visão, tantos ministérios internacionais e tantas comunidades. Claro que poderíamos estar festejando este milagre, já que a comissão do Mestre é que preguemos o evangelho a toda criatura. Mas será que com tanta divisão, facção, porfias, discórdias, dissensões, iras e ciúmes, isto que aí está é o verdadeiro evangelho?
Vamos ver os dois tipos de chamados e tirar a nossa própria conclusão:
2 REIS, 5.
Naamã era comandante do exército do rei da Síria, uma espécie de Ministro do Exército, só para exemplificarmos a sua importância e autoridade. Foi a Israel recomendado ao rei pelo próprio rei da Síria, o que poderia ser traduzido como uma viagem oficial.
O rei de Israel, quando recebeu a carta, desesperou-se, rasgou as suas vestes e declarou: “Acaso sou Deus, com poder de tirar a vida ou dá-la, para que envie a mim um homem para eu curá-lo de sua lepra?”
Ficou claro, com a atitude do rei, que a solução não era política e sim espiritual.
Então Eliseu, homem de Deus, ouvindo que o rei rasgara a suas vestes, mandou dizer ao rei: Por que rasgaste as tuas vestes? Deixai-o vir a mim e saberá que há profeta em Israel. Quando Naamã chegou, Eliseu lhe mandou um mensageiro dizendo: Vai, lava-te sete vezes no Jordão, e a tua carne será restaurada e ficarás limpo.
Naamã ficou indignado. Esperava que Eliseu o recebesse num dia de culto, com a igreja lotada, fizesse a corrente dos trezentos e tantos, o ungisse com óleo ungido, queria pular a fogueira santa de Israel, beber um copo d’água que estivesse em cima da televisão. Ainda por cima, reclamou do rio Jordão dizendo que em Damasco tinha rios melhores e decidiu voltar para a sua terra sem obedecer ao homem de Deus.
Mas, convencido por seus oficiais, resolveu fazer um sacrifício e mergulhar no Jordão. Então desceu ao Jordão e mergulhou sete vezes, conforme ordem do profeta; e a sua carne se tornou como a carne de uma criança e ficou limpo.
Voltou Naamã ao homem de Deus, com toda a sua comitiva, pôs-se diante dele e disse: Eis que agora reconheço que em toda a terra não há Deus, senão em Israel; agora peço que aceite um presente do teu servo.
Porém Eliseu disse: Tão certo como vive o Senhor, em cuja presença estou, não aceitarei. Instou com ele para que o recebesse, mas ele recusou.
Quando Naamã se tinha afastado certa distância, Geazi, o moço de Eliseu, o homem de Deus, pensou: hei de correr atrás dele e receberei dele alguma coisa. Então Geazi foi em alcance de Naamã, que o vendo correr, saltou do carro e perguntou: Vai tudo bem? Ele respondeu: tudo bem; meu senhor me mandou dizer: Eis que, agora mesmo, vieram a mim dois jovens, desntre os discípulos dos profetas da região montanhosa de Efraim; dá-lhes, pois, um talento de prata e duas vestes festivais.
Disse Naamã: Sê servido tomar dois talentos. Instou com ele e amarrou dois talentos de prata em dois sacos e duas vestes festivais; pô-los sobre dois dos seus moços, os quais os levaram adiante dele.
Quando Geazi voltou, se pôs na presença do seu senhor, que perguntou-lhe: Donde vens, Geazi? Respondeu ele: Teu servo não foi a parte alguma.
Porém ele lhe disse: Porventura, não fui contigo em espírito? Era isto ocasião para tomares prata e para tomares vestes, olivais e vinhais, ovelhas e bois, servos e servas? Portanto a lepra de Naamã se pegará a ti e a tua descendência. Então saiu diante dele leproso, branco como a nave.
Esta é a história de muitas igrejas hoje; igrejas “geazis”, mais preocupadas com as grandes somas de ofertas do que com a reputação de serem grandes homens de Deus. Igrejas que invadiram a mídia televisiva com cinco minutos de palavra, quinze minutos fazendo propaganda dos milagres e depois meia hora pedindo dinheiro, de maneira sorrateira, usando linguajar moderno, como: mantenedores, parceiros ministeriais e alvos de fé, esquecendo-se de uma máxima do evangelho que é: o justo pela sua fé viverá.
Caio Fábio, no seu livro 70 Esboços de A a Z – Personagens Bíblicos, traça um perfil interessante sobre o papel da igreja, que me permito usar, mesmo sem a sua prévia autorização.
– O papel da igreja começa quando a política termina.
Naamã veio ao rei de Israel com uma carta de recomendação do rei da Síria. Mas isto não lhe adiantou de nada. O assunto não era competência do rei e sim do profeta. Hoje as igrejas estão cada vez mais comprometidas com a política, lançando até os missionários parlamentares.
– O papel da igreja é pregar a palavra da fé.
Não era o Jordão um rio milagroso, mas a cura precisava da fé. Precisamos pregar a fé genuína que é a dependência única e exclusiva a Deus, pois sem fé é impossível agradar a Deus.
– O papel da igreja é tratar todos com igualdade sem se impressionar com os poderosos.,
Naamã ficou indignado com o tratamento dispensado a ele pelo profeta. Ele queria tapetes vermelhos, fogos, honrarias. Depois que lançaram o livro “Aprenda a viver como um filho do rei”, muitos dos nossos irmãos tem procurado viver uma vida luxuosa, achando eles que isto é sinônimo de prosperidade. É ridículo como a igreja se prostituiu. O indivíduo, se tiver dinheiro, com menos de um ano, na igreja, é consagrado pastor.
– O papel da igreja é agir em nome do Senhor e não esperar recompensas humanas.
A igreja tem que prestar serviços desinteressadamente. Não devemos fazer verdadeiros leilões da fé: Quem pode dar 100? Quem pode dar 50? Quem pode dar 20? Não devemos ter fé na carteira dos irmãos: “Estamos precisando de 1.000 mantenedores com R$ 1.000,00”.
– O papel da igreja é revelar a corrupção feita em nome da fé.
As igrejas “Geazis” estão invadindo o espaço evangélico. É simplesmente vergonhoso, nojento. Os pedidos de oferta não são para sustentar obras sociais, mas simplesmente para alimentar a vaidade pessoal dos apóstolos Geazis, dos pastores Geazis e de toda a espécie de picaretas de plantão, que ostentam seus carros importados, de luxo, suas mansões, suas roupas de grifes, como prova cabal de uma vida abençoada, enquanto tiram daqueles irmãos mais pobres.
Mas você poderia até argumentar comigo: Pessoas não ficam curadas? Eu lhe pergunto: O que curou Naamã, foi a fé ou as águas milagrosas do Jordão?
Um dia a igreja vai entender que a violência, o caos da saúde pública, o desemprego, a fome, a miséria, não são problemas de políticas públicas e sim de fé: 2 Crônicas 7:14: “Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, orar, buscar mais a minha face, se desviar dos seus maus caminhos, Eu ouvirei as suas preces, virei e sararei a sua terra.”