A atriz e professora Manuela Otto, ou Manu Otto, de 25 anos, foi assassinada a tiros, dentro de um motel da cidade, no sábado 13 de fevereiro. O suspeito é o policial militar Jeremias da Costa Silva, de 31 anos. De um lado temos um homem que assumiu corpo de mulher, Manu Otto era transsexual.
Do outro, temos um policial militar, Jeremias da Costa Silva, conhecido por agredir travestis e homossexuais nos locais da cidade onde prestava serviços, mas que assediava e mantinha relações íntimas com essas mesmas pessoas que perseguia. ele aparece nas câmeras de segurança do motel, após o crime, usando um sutiã. As informações passadas pelos seus próprios colegas de farda é que ele abusava de álcool e drogas.
Procurando saber quem era Manuela Otto, encontramos as informações de que ela era uma artista, professora do Liceu de Artes Claudio Santoro e Sesc, estudante de administração de empresas e de inglês. No site do Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas (TJAM) não encontramos nenhum processo contra Manuela Otto, sequer uma simples multa de trânsito.
Mas apesar de não encontrar nada que desabone Manuela Otto na maior Corte de Justiça do Estado, a Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros se achou no direito de qualificar a vítima como “prostituta”.
Manuela teve a coragem de enfrentar tudo e todos para ser feliz do seu jeito, com o corpo que quisesse ter, e foi morta por um infeliz recalcado que não aceitava o que era. Mesmo depois de morta, Manuela teve seu nome retratado de forma sensacionalista e mentirosa, como se fosse um homem, por colegas de imprensa que não aceitam essa libertária e justa carreira profissional – que vendem a alma ao diabo, inclusive a dos outros, somente pra ganhar uns cliques a mais.
Por outro lado, é fácil encontrar pelo menos cinco processos no TJAM contra Jeremias da Costa Silva, por lesão corporal contra adolescentes da periferia da cidade. Isso só de que teve coragem de fazer denúncia contra o policial militar, imagine quem não quis botar a cara pra dedurar violência policial. Mas, apesar dos vários processos, Jeremias não foi julgado em nenhum.
Como acontece em muitos outros casos de policiais violentos e desequilibrados, os processos dormem nas gavetas do Judiciário, até que eles acabam matando alguém. E muitas vezes nem matando civis são punidos por alguma coisa.
Tanto isso é verdade que apesar de todas as provas e testemunhas e até mesmo do vídeo do policial jogando seu carro contra o portão do motel e fugindo do local do crime, Jeremias está solto.
Manuela mesmo sem dever nada à Justiça, está morta e ainda tem gente que vai culpá-la por isso apenas por ser transsexual, enquanto o “cidadão de bem”, que coleciona processos na Justiça, que se esconde num quarto de motel pra realizar fetiches e fazer sexo, e usa uma arma pra se sentir alguém, o policial Jeremias está solto para cometer outros crimes.
*Artigo feito pela Jornalista Any Margareth
*Com informações do Radar Amazônico