Acusado de matar dois manifestantes durante um protesto antirracista, Kyle Rittenhouse teve uma crise de choro enquanto prestava depoimento em seu julgamento, na cidade de Kenosha, no estado de Wisconsin, nos Estados Unidos. O julgamento está sendo considerado uma espécie de referendo sobre raça e sistema legal nos Estados Unidos.
Rittenhouse começou a chorar quando descrevia o que aconteceu na noite do crime. Ele alegou ter sido encurralado por uma das vítimas. A sessão precisou ser suspensa até que o acusado pudesse se recompor.
Quando o depoimento foi retomado, o acusado disse ter ouvido pessoas gritando “pegue-o”. Ele também alegou não ter feito nada de errado, mas apenas se defendido. O jovem é apontado como o autor dos disparos que atingiram três manifestantes. Dois deles morreram: Joseph Rosenbaum, de 27 anos, e Anthony Huber, de 26.
Fuzil AR-15 para ‘se proteger’
Rittenhouse tinha 17 anos na época dos homicídios e estava armado com um fuzil AR-15 na noite do crime, ocorrido na noite de 25 de agosto do ano passado. Na ocasião, Rittenhouse se juntou à uma milícia armada em Kenosha. O grupo do acusado partiu para o confronto contra manifestantes do movimento Black Lives Matter.
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“A pessoa que me atacou primeiro ameaçou me matar”, disse Rittenhouse sobre Joseph Rosenbaum, a primeira pessoa em quem ele atirou. “Eu trouxe a arma para me proteger, mas não achei que teria que usar a arma para me defender”, acrescentou.
Os promotores argumentam que Rittenhouse se inseriu propositalmente na situação e teve a intenção de matar todos os alvos de seus disparos com arma de fogo na noite do crime. Os acusadores também alegaram que Rittenhouse foi a única pessoa a atirar em alguém naquela noite, quando havia milhares de manifestantes nas ruas.
A defesa de Rittenhouse, por sua vez, alegou “exagero do promotor” e pediu a anulação do julgamento por um suposto preconceito de quem acusa. O juiz Bruce Schroeder não se pronunciou a respeito do pedido dos advogados, mas deixou o pedido sob consulta.
O julgamento de Rittenhouse teve polêmica antes mesmo de ser iniciado. Um juiz americano determinou que os dois manifestantes mortos não podem ser chamados de “vítimas” pelos promotores. O magistrado sugeriu que a promotoria utilize termos como “testemunhas reclamantes” ou “falecidos”.