Nesta terça-feira (19) o governo feral aprovou a modelagem de desestatização da Eletrobras, apesar de críticas a respeito de “jabutis” – trechos sem relação com o objetivo original da proposta – incluídos no texto. Entre os pontos polêmicos estão desde a contratação obrigatória de usinas termelétricas movidas a gás natural para fornecimento de 8 megawatts (MW) de energia por 15 anos até indenização ao estado do Piauí .
No fim, o valor da empresa pode não pagar nem mesmo o custo dessas propostas incluídas na MP, já aprovada pelo Congresso e sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro.
Segundo Victor Iocca, Gerente de Energia Elétrica da ABRACE (A Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres), o texto inicial era bom e a desestatização positiva, mas ao passar pelo Congresso se tornou “surreal”.
“O processo de privatização da Eletrobras, o texto, era muito bom. A iniciativa privada passaria a ter uma participação maior e a energia seria barateada para a maior parte da população. Qual foi o problema? Todos os jabutis inseridos ao longo da tramitação”, comentou na live do Brasil Econômico desta quinta-feira.
“Boa parte do texto original que tem como objetivo a capitalização foi mantido, mas a gente aumentou e muito o custo da privatização. Nós fizemos estimativas que vai custar muito mais todos os jabutis inseridos do que o próprio valor da empresa, o que é surreal”, completa.
Ele também criticou a obrigatoriedade de contratação de 8.000 térmicas a gás natural por 25 anos em regiões onde essa matriz energética não é favorável: Nordeste, Norte e Centro-Oeste.
Serão 1.000 MW na região Nordeste, 2.000 MW no Norte onde seja viável a utilização das reservas provadas de gás natural nacional existentes na Amazônia e 2.000 MW no Centro-Oeste. Nos três casos, será necessário instalar as térmicas onde não há suprimento de gás, o que obrigará a construção de extensos gasodutos.
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“O gás está na costa, no pré-sal, talvez faça sentido econômico contratar térmicas no litoral, não no interior do país”, explica. “E como vamos levar gás para o Centro e para o Norte do país? Vamos ter que subsidiar gasodutos, e essa conta só aumenta”, finaliza.
Ele lembra que enquanto o Brasil investe nesse modelo de energia, mais poluente e mais caro, o mundo vai à contramão e busca fontes renováveis.
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