A sessão da Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI) da Covid no Senado dessa terça-feira, 28, trouxe à tona mais esclarecimentos sobre o uso do protocolo de prescrever o tratamento precoce, popularmente conhecido como “Kit Covid”, em unidades de saúde em Manaus. Desta vez, a descoberta foi que a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, a “Capitã Cloroquina” se embasou no experimento da operadora de saúde Prevent Senior para promover medicamentos sem eficácia comprovada na capital amazonense.
Durante a sessão, a senador Eliziane Gama (Cidadania-MA) lembrou que no dia 20 de maio de 2020 a pasta da Saúde apresentou Nota Informativa – assinada por três médicos da Prevent Senior – fazendo recomendações sobre o uso da hidroxicloroquina e citando a operadora de saúde como um case de sucesso. O objetivo era implementar o método em outros hospitais no País.
Foi então que o presidente da CPI, o amazonense Omar Aziz, pontuou que foi utilizando essa nota que a Capitã Cloroquina foi a Manaus promover a prescrição de hidroxicloroquina a pacientes com Covid-19. “Isso foi em maio de 2020, mas ela continuou com esse protocolo mesmo com a Organização Mundial de Saúde dizendo que não valia nada, mesmo com todo mundo falando que não valia nada. Ela persistiu nisso até criar um aplicativo e levar a Manaus em janeiro”, pontuou o senador.
Na discussão conseguinte, o senador e vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues, usou as novas informações para reforçar o pedido de afastamento de Mayra Pinheiro, que continua exercendo o cargo no Ministério da Saúde. “Eu rogo à direção desta CPI, na qual me incluo, para buscarmos, em audiência, o quanto antes, com o ministro Ricardo Lewandowski, apresentar os fatos novos, que tornam inevitável a necessidade de afastamento da Sra. Mayra Pinheiro para o bem da condução das investigações”, reiterou.
A operadora de saúde tem sido acusada de omitir mortes em um estudo sobre a hidroxicloroquina com o objetivo de demonstrar sua eficácia e de administrar medicamentos ineficazes contra a Covid-19 sem o consentimento dos pacientes. As denúncias aparecem em um dossiê produzido por ex-médicos do plano que foi encaminhado aos senadores da comissão.
Os resultados do estudo sobre o uso da hidroxicloroquina foram divulgados pelo presidente Jair Bolsonaro e seus filhos em suas redes sociais em abril de 2020, com a informação de que nenhum paciente havia morrido entre os que tomaram os medicamentos. O dossiê, porém, aponta nove mortes, seis delas de pessoas que receberam o coquetel que o presidente propagandeou ao longo da pandemia com o nome de “tratamento precoce” ou “Kit Covid”.
O diretor da Prevent Senior defendeu o estudo e acusou os ex-médicos de acessarem ilegalmente dados de pacientes e adulterarem informações para atacar a empresa. Ela recorreu à Procuradoria-Geral da República para investigar os autores do dossiê sob suspeita de “denunciação caluniosa”.
Fonte: Cenarium