Em uma sessão virtual de julgamento em Santa Catarina, o desembargador José Manzi não percebeu que o microfone estava ligado e soltou: “isso, faz essa carinha de filha da puta”. Logo em seguida, ao perceber o que tinha feito, o magistrado leva a mão à boca, já era tarde.Nesta terça-feira (28) o plenário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) determinou uma instauração contra o desembargador. Desde que iniciou as sessões virtuais, já ocorreram palavrões, peido, nude e a netinha de surpresa.
Por unanimidade, os conselheiros acompanharam o entendimento da relatora Maria Thereza de Assis Moura, que julgou procedente a reclamação disciplinar para propor a abertura de PAD. O fato aconteceu em julho do ano passado em julgamento da 3ª câmara do TRT da 12ª região durante manifestação da relatora do processo em julgamento, a desembargadora Quézia Gonzalez.
Ante o ocorrido, a OAB/SC publicou nota de repúdio, desaprovando a “conduta inapropriada”, que “viola o dever de urbanidade do magistrado”. Nesta quinta-feira, 30, o desembargador José Manzi se manifestou por meio de nota publicada no site do Tribunal. O magistrado afirmou que as sessões chegam a durar 6 horas, e que é inevitável que responda algumas mensagens no WhatsApp, principalmente durante a leitura do voto do relator, posto que a íntegra já é conhecida por ele anteriormente. Assim, afirmou que não se dirigiu a qualquer dos participantes da sessão de julgamento em seus dizeres.
“Não sou hipócrita a ponto de afirmar que, mesmo em minha vida privada, não use, vez ou outra, alguma palavra pouco recomendada, mas é pelo mesmo motivo que não atiçarei fogo a um debate inútil que sequer seria cogitado, há poucos anos atrás, quando a sociedade se preocupava mais com a moral, do que com o moralismo.”
Ele destaca que é preciso se acostumar com os novos tempos e novas tecnologias, que “diminuem não só o nosso direito de estar-só, como até os deveres que nos eram impostos nessas ocasiões”, destacando que, no momento, estava sozinho em sua sala. E que mantinha diálogo em alguns grupos de WhatsApp, de que participa, inclusive de magistrados e de familiares.
Desde o início da pandemia, quando o Judiciário passou a realizar sessões virtuais com mais frequência, cenas inusitadas passaram a ser frequentes durante os julgamentos. No TJ/MT, por exemplo, o procurador Paulo Padro esqueceu o microfone ligado e teve problemas de flatulência, o popular peido. O desembargador Carmo Antônio, do TJ/AP, chamou a atenção ao aparecer em uma sessão descamisado.
Nem os ministros do Supremo estão livres de gafes virtuais. O ministro Gilmar Mendes pediu desculpas por soltar um palavrão ao fim de uma live. Após se despedir dos interlocutores, S. Exa. soltou uma “porra” enquanto se retirava, sem saber que a gravação continuava. Já durante uma sessão do pleno do STF, a netinha de Marco Aurélio apareceu na sala onde o avô proferia seu voto “Vovôôô!”. No TJ/PB, durante sessão da 4ª câmara Cível, o procurador de Justiça José Raimundo roubou a cena pegando no sono ao vivo. Os desembargadores não conseguiram conter a risada diante do longo cochilo do colega.
Fonte: Migalhas / Foto: Rede Social